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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Quando o confinamento nos foi imposto em 2020 e 2021, li extensos textos sobre o respirar da Terra exausta, a felicidade da paragem da vida, da interiorização e individualidade humanas, odes ao fim do consumismo e do desperdício, à vida saudável, simples e sustentável.
Foram dois anos em que a maior parte das actividades económicas pararam, em que os governos gastaram milhões de euros a apoiar as pessoas que, dentro de portas, não podiam sustentar-se. Não houve défices nem obrigações de pagamentos de dívidas.
Não sei o que esperávamos, mas era lógico que este tipo de situação geraria crises posteriores, com a obrigação dos Estados refazerem as suas economias. Como era de prever, a suspensão das regras europeias e os perdões dos endividamentos dos Estados não durariam para sempre.
Depois a guerra, a inqualificável invasão da Ucrânia pela Rússia, a crise energética, as sanções, o medo, o pessimismo europeu, o arrefecer das perspectivas de reanimação económica, as dificuldades que se avizinham e o desconhecido decorrente de mentes loucas como a de Putin em relação a uma possível guerra nuclear.
Para além disso, as alterações climáticas com as suas secas históricas, as suas cheias monumentais, tufões, etc., que alteram as colheitas, que modificam as estações do ano, que reactivam ou adormecem pragas e pandemias.
É óbvio que teremos de aprender a viver de outra forma, usando pouco, menos, cada vez com mais parcimónia, os recursos naturais. Teremos de racionar os nossos gastos de água, de electricidade, de gás. Teremos de usar menos os carros, as televisões, as máquinas. Teremos de andar mais a pé. Teremos de comer menos e coisas diferentes. Teremos de reduzir, regrar, reutilizar. Nós, mundo ocidental, cuja pequena parcela rica gasta tudo e ainda mais que a enorme maioria da humanidade.
Esperam-nos tempos difíceis, muito difíceis, mais ainda se o pior se concretizar. Olhemos para o futuro com a esperança possível, aproveitando para mudar o que pudermos e associarmos à sociedade uma outra dimensão – a sustentabilidade dos recursos, liderada por nós.
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