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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Deixo um vídeo que conta a história de Romaria, de Renato Teixeira, e algumas informações sobre Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
É muito interessante ouvir as pessoas que tanto defenderam a decisão de João Paulo II em levar o seu papado até à morte, levando a sua cruz, tal como Cristo fez (lembro-me de ter ouvido isto), declararem a sapiência deste Papa ao renunciar antes de Deus assim o decidir.
Os caminhos do Senhor são sinuosos e insondáveis.
A morte de um diplomata americano às mãos do fundamentalismo muçulmano é inaceitável e nunca será demais dizê-lo. A liberdade de expressão é um valor mais sagrado que qualquer credo religioso.
Num país laico, não deixa de ser extraordinária a notícia de que a Igreja (Católica) impõe condições ao governo para acabar com alguns feriados.
(...) Tenho criticado, sem dúvida, várias posições e acções da Igreja Católica. (Haverá debaixo do sol alguma coisa que eu não tenha criticado neste blogue?) Não confundo isso com respeito institucional. Eu respeito a universidade que me recebe todos os dias, mas nunca me passaria pela cabeça que alguém levasse ao Reitor, ou ao Director do instituto, um dossiê com escritos meus num blogue para o ajudar a decidir qualquer assunto académico. Nem sonharia que qualquer crítica minha ao governo da nação, ou ao Ministro da Ciência, fosse encarada como desrespeito pelo país, que em última instância é a quem pertence essa universidade pública. Já alguém me disse que eu, que fui um católico activo durante muitos anos, mas há muitos anos no passado, estou enganado acerca da actual Igreja Católica, que está muito mais longe do espírito do Vaticano II do que eu sou capaz de imaginar. Talvez seja isso. Pode até parecer que isto foi ingenuidade minha: se eu critico o catolicismo oficial, como poderia dar aulas na UCP? Não é assim que vejo as coisas: não me candidatei a professor no curso de Teologia, admito que poderiam achar estranho um agnóstico querer ser professor de teologia numa universidade católica. Tenho uma ideia da liberdade de pensamento que pode ser alheia a escrevinhadores de dossiês, mas da qual não abdico. (...)
Vale a pena ficar a saber.
Angela Merkel afirmou que o multiculturalismo falhou redondamente na Alemanha. Não concordo que o multiculturalismo tenha falhado, mas sim a inserção e integração de algumas comunidades nas sociedades ocidentais, principalmente a comunidade islâmica, e não só na Alemanha. Não vale a pena escamotear esta realidade e é perigoso usá-la como arma de arremesso político, à esquerda ou à direita.
Na verdade as nossas sociedades terão que observar e analisar o que correu mal, especificamente com as comunidades islâmicas, e estas terão que perceber que há também responsabilidades do seu lado. Integração pressupõe aceitação de valores dos países de acolhimento, observância das suas leis, idênticos direitos e idênticos deveres. Não se pode querer acabar com a discriminação religiosa e cultural para depois se usarem essas características para se reivindicar tratamentos diferentes.
Por outro lado, as sociedades de acolhimento terão que respeitar as diferenças, quando tal não colide com a legislação dos seus países. A exigência da aprendizagem da língua e da observância do laicismo do estado deve ser intransigente. A forma condescendente como se acolhem as populações imigrantes é o primeiro e mais forte sinal de xenofobia e o melhor incentivo para a guetização e afastamento da vivência comunitária.
Apedrejar alguém até morrer é uma barbaridade. Deveria sê-lo para toda a humanidade, independentemente da religião, do status sócio-económico, de razões culturais, de cor da pele, de orientações sexuais, de escolhas políticas ou outras.
É claro que a opinião pública só é importante nos países em que essa opinião pública se pode informar e manifestar, em que há liberdade de expressão, em que há respeito pelos direitos humanos e pelos valores democráticos. Não é esse o caso do Irão, como não é o caso de Cuba, da China ou da Venezuela.
A esses países não chegam as notícias das manifestações, dos protestos, dos movimentos de solidariedade. Essas sociedades não comungam dos mesmos valores das sociedades ocidentais.
Mas não é por isso que a lapidação deixa de ser uma barbaridade para a qual todos os que a sintam como tal protestem, se manifestem e escrevam textos condenatórios. Apenas porque, na nossa sociedade ocidental, temos o poder de dizer o que não queremos e não precisamos de justificações para a solidariedade.
reprodução
Outro exemplo é o Sudário de Turim. Já todos sabíamos que era uma falsificação, feita na Idade Média. Mas Luigi Garlaschelli, um cientista italiano, reproduziu o sudário com as técnicas e os materiais que estariam disponíveis na época em que foi criado.
Estou de tal maneira em frontal desacordo com a forma como o Estado Português reage à visita do Papa que me custa expressá-lo.
Este é um país em que há legislação sobre a liberdade religiosa, em que a separação entre a religião e o estado está consagrada na Constituição.
O Papa deveria ser recebido com a pompa e a circunstância de um Chefe de Estado. O facto de ser um líder religioso é importante para os que professam a mesma religião.
Como é possível parar o país durante três dias para receber um líder religioso? Como pode o Presidente da República confundir desta maneira o seu lugar com as suas convicções pessoais? Como pode o chefe de um governo socialista, numa éopca de tantas dificuldades no país, demagogicamente pretender ganhar algum conforto político com esta medida?
Com estes gestos o Estado desrespeita-se si próprio.
Petição Cidadãos pela Laicidade.
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