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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
António Ramalho Eanes
O primeiro Presidente eleito democraticamente foi o General António Ramalho Eanes, outro dos poucos bons homens de Portugal. Convém que não baralhemos as coisas. Mário Soares não precisa que lhe atribuam méritos alheios. E é importante que não desvirtuemos a História.
Se Ramalho Eanes apoiar a candidatura de Sampaio da Nóvoa para as próximas eleições presidenciais, o PS perde a possibilidade de apresentar, de forma explícita ou não, qualquer outro candidato da área do centro-esquerda que possa ampliar a base de apoio e protagonizar uma verdadeira mudança de ciclo político no País.
Como está cada vez mais à vista, o PS foi ultrapassado pelos acontecimentos e não consegue arrancar com alma e coragem, deixando a iniciativa nas mãos das forças políticas mais ou menos marginais à esquerda e nas mãos da direita, com Marcelo Rebelo de Sousa em grande actividade dando gás a esta candidatura.
Considero-a (mais) um erro estratégico da esquerda, que se perde nos entrincheiramentos monolíticos e reage a tudo como actos provocatórios, sem que lhe ocorra, àquela histórica esquerda revolucionária, criativa e desestabilizadora, ter alternativas e imaginação. Em vez do descabelamento e das juras de amor eterno ao Texto Constitucional, recusando (por blasfema) a hipótese de discutir a possibilidade de se escrever uma nova Constituição, deveria preocupar-se em avançar com propostas que renovassem a democracia e obrigassem a direita ao desconforto.
Infelizmente estamos a assistir ao contrário. Por isso parece-me um erro também de Ramalho Eanes adiantar-se neste apoio, arrumando por mais 10 anos a questão presidencial.
Guilherme d'Oliveira Martins
General Garcia Leandro
João Lobo Antunes
Centro de Congressos de Lisboa (antiga FIL)
Auditório 1
17h00
O General Ramalho Eanes demonstrou, enquanto militar, político ou simples cidadão, uma dignidade, uma honestidade e um sentido de serviço público raros. Um grupo de cidadãos decidiu dar o seu Testemunho a 25 de Novembro, data emblemática na sua vida e na vida do país, no grande auditório da Feira Internacional de Lisboa, com conferências e o anúncio do prémio Responsabilidade e Cidadania António Ramalho Eanes.
Parece que há algum desconforto, por parte de algumas pessoas, com a data. Pois não entendo esse desconforto. Se o 25 de Abril é a data da revolta militar que pôs cobro ao regime ditatorial, o 25 de Novembro assegurou o regime democrático e a liberdade em Portugal. É preciso não reescrever a História e não esquecer a deriva totalitária que decorreu predominantemente a partir de 11 de Março de 1975.
A Ramalho Eanes, e a alguns outros como ele, devemos mais de 30 anos de democracia. Devemos-lhe ainda a estatura que sempre mostrou, independentemente do acordo ou desacordo com as suas posições e decisões. Num tempo em que a descrença e o achincalhamento de tudo o que seja serviço público, a desesperança e o desalento minam a nossa sociedade, é importantíssimo que homenageemos quem é uma referência moral e ética.
Parabéns pela iniciativa e parabéns ao General Ramalho Eanes.
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