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Cliché, mais sedentário que ambulante

por Sofia Loureiro dos Santos, em 02.03.24

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Girl with Grandmother

Oksana Fedorova

 

A realidade torna-nos em gente muito mais comum do que nos pensamos, até mesmo em clichés ambulantes. Também me está a acontecer a mim.

Acordada à hora costumeira, seja semana ou fim dela, o meu primeiro pensamento foi para aquela coisinha minúscula e fofa que me virá visitar mais tarde, aquela pequenina bolinha de ternura que faz agora parte de mim.

Essa ideia veio acompanhada do planeamento do lanche para quem a vier ver, com bolo à mistura, chá, etc. tudo aquilo a que as avós têm direito de fazer para que tias e bisavós tenham o direito de comer.

Há uma semana reiniciei as aventuras culinárias com bolo de laranja, daqueles que usam a laranja toda. O forno portou-se bem e o bolo ficou bastante bom.

Hoje será de banana, porque há umas que estão a amadurecer perigosamente na cesta e precisam de uma atenção redobrada.

No entanto, os pormenores das tabelas de conversão de pesos e medidas, são um quebra-cabeças – chávenas, xícaras, copos e colheres, de todos os tamanhos e feitios, para sólidos e líquidos, são medidas muito pouco científicas. Gosto de gramas, quilos, litros e mililitros. Mas nada me demove, nem a proibição médica de pegar em pesos com o braço a consolidar. Paciência, terei de ser imaginativa.

Entre as dentadas e a degustação que se antecipam, os carinhos e os beijos naquela maravilhosa pequenina, haverá lugar a acaloradas discussões político-filosóficas, a propósito do andamento do país e do mundo, que não conseguimos salvar.

Há lá melhor forma de passar uma tarde de sábado?

BOLO DE BANANA

banana.jpg

Liguei o forno a 180 graus; no copo misturador, coloquei 3 bananas aos bocadinhos, 180 ml de óleo, 80 ml de leite, 3 ovos e 300 gr de açúcar amarelo. Previamente tinha moído 300 gr de flocos de aveia (não tinha farinha) e misturei 1 colher de sobremesa de bicarbonato de sódio (não tinha fermento).

Logo que a mistura ficou bem homogénea, fui juntando a farinha de aveia com uma colher de pau. Depois de tudo bem ligado, enchi 2 formas anti-aderentes de bolo inglês e coloquei no forno, por 30 minutos (como o forno é eléctrico, deixei-o lá dentro até esfriar, para acabar de cozer).

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publicado às 11:52

Autodigestão

por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.02.24

a morte e a mulher Egon_Schiele.jpg

Der Tod und das Mädchen

Egon Schiele

 

Pergunto-me muitas vezes porquê o esforço? O insano e titânico esforço para fazer aquilo que deve ser feito, o correto, o certo.

O que é então o certo, o correto, o que deve ser feito?

Sempre, sempre o que custa mais, o que dói, o que precisa de tanto trabalho e frustração. Aquilo que, só mesmo de vez em quando. se consegue.

Então porquê o esforço? Porquê? Se não há Deus para castigar ou premiar, se todos vamos morrer da mesma forma, com pele, ossos, carne e vísceras, algumas peças dentárias, algumas próteses com que vamos enchendo corpos e almas ao longo da vida?

Porque nos embrenhamos na culpa de, dentro do mais fundo de nós, sentirmos o prazer como pecado, a facilidade como preguiça, o conforto como luxúria a que não temos direito?

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publicado às 19:55

Drones, Trump, OVNIS e TVDE

por Sofia Loureiro dos Santos, em 13.02.24

ovnis.jpg

 

Ultimamente tenho andado bastante em TVDE, pela capacidade proibitiva de médicos super cautelosos, que não me deixam conduzir durante 6 semanas.

A verdade é que decidi entrar no ano de 2024 visitando o Serviço de Urgência, depois de dias e dias a aconselhar a toda a gente da minha roda familiar, que não poderia escorregar, tropeçar, cair, contrair maleitas fossem elas quais fossem, porque os serviços de urgência não estavam visitáveis.

Portanto eu, fazendo jus ao certeiro provérbio faz o de ele diz, não faças o que ele faz, a poucas horas do réveillon, decidi tropeçar em casa, cair e partir o braço, felizmente o esquerdo. Ou seja, lá fui experimentar a doce satisfação de ir para as urgências, de braço em ângulo exótico, RX, TAC, redução, gesso, RX e a maravilhosa notícia, já nos primeiros minutos de 2024, de que teria de ser operada, com a sentença de iniciar uma baixa médica por 8 dias.

E assim foi, dia 3 de janeiro, um êxito de operação, uma simpatia, profissionalismo e competência de todos (das urgências ao bloco operatório, da radiologia ao recobro) os que me trataram, com a fantástica notícia de que teria de estar de baixa 1,5 meses.

É claro que já estou a trabalhar, mas como não posso mesmo conduzir (amanhã faz 6 semanas, felizmente), tenho andado em TVDE. Já me calharam condutores silenciosos, outros faladores, mais novos e mais velhos, paquistaneses, indianos, brasileiros, portugueses, de todos os tamanhos e feitios, todos muitíssimos corteses e disponíveis a ajudar.

Um dos últimos, simpaticíssimo e alegre, veio todo o caminho a falar, tendo-me confidenciado que o Trump sabia perfeitamente que os drones eram comandados por extraterrestres, que Marcelo Rebelo de Sousa (seu amigo) estava à espera de ordens, que os políticos não podiam fazer mais porque os extraterrestres não deixavam, mas que se nos quisessem matar, já estávamos todos mortos.

Amanhã recomeçarei a levar o carro, devagar, devagarinho.

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publicado às 17:56

Entrudos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 13.02.24

entrudo xisto gois.png

Entrudo - aldeias do xisto de Góis

 

É mesmo um Carnaval, ao que vamos assistindo.

Em vésperas de eleições, os bailes televisivos são feios, cacofónicos, inúteis, tristes, dispensáveis. Nem as máscaras são novas, nem bem feitas, nem vistosas. Apenas velhas, defeituosas e assustadoras.

Ouvem-se palavras e ideias, palavras sem ideias e ideias verdadeiramente inomináveis. Parece que, de repente, todos nos transformámos em gente grosseira, sem princípios nem valores, de uma estreiteza de vistas difíceis de compreender.

De tudo se faz tábua rasa - militares e paramilitares a fazer greve e filiados em partidos? Por que não? Ameaças de boicote às eleições? Qual o problema? Criminalizar os imigrantes sem autorização de residência? Os malandros que nos andam a tirar empregos e a islamizar?

As guerras na Ucrânia e israelo-palestiniana? Não têm interesse nenhum. O que é importante é o leilão das medidas, sem qualquer base estratégica, sem qualquer noção do que se quer, do rumo e do investimento (não só financeiro) que se entende melhor para o futuro.

Infelizmente, o Entrudo não acaba amanhã. Estaremos em corso sem paragem pelo menos até 10 de março. Em Portugal, nos EUA, na Europa. Mais tarde ou mais cedo, virá a Quaresma.

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publicado às 11:31

Limites do infinito

por Sofia Loureiro dos Santos, em 15.08.23

infinito.jpg

A simplicidade é uma utopia. Mas olhar para o mundo e os seus problemas, complexos e irresolúveis, dividi-lo em pequeníssimas parcelas despidas de ruído, peso, nevoeiro, lodo, limpando-as para que apenas fique o essencial, para que o todo se vá moldando à simplicidade, não é utópico.

O infinito não alcançamos, mas podemos tender para ele, uma expressão da matemática que sempre me fascinou. Se x tende para infinito significa que, numa determinada função, x vai assumindo uma sequência crescente de números até um limite, que seria o infinito, sem nunca o atingir; se x tende para menos infinito, significa que, nessa função, a sequência de números é sempre decrescente, até ao infinitamente pequeno ou inexistente, o que nunca acontece (no conjunto de números reais).

Podemos tender para a simplicidade, sendo cada vez mais simples (mais infinito) ou reduzindo-nos cada vez mais à essência (menos infinito).

É por vivermos na complexidade que ansiamos pela simplicidade, com os limites do infinito.

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publicado às 14:15

Pais e Filhos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 19.03.23

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Fatherhood as Described by Paul Beatty

Rashid Johnson

2011

 

Acabaram de sair de casa. Contentes e serenos, lado a lado.

Vou arrumando minimamente os desarrumos. E recordando outros dias, outras refeições, com os mesmos ou mais protagonistas.

Tenho saudades de mais lugares ocupados, particularmente um, que de vez em quando me dói como se me faltasse um bocado. Que falta.

Uma mesa de família, naqueles momentos em que as famílias são o aconchego e a razão do nosso equilíbrio, naquelas horas em que apenas as boas memórias nos assaltam.

Eu tenho muito boas memórias. E a mesa tem sempre o ruído das vozes, os cheiros da comida, o prazer da companhia.

Ficamos os dois. Ficamos bem.

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publicado às 17:34

Há pessoas

por Sofia Loureiro dos Santos, em 11.12.22

tree steal.jpg

Scott Jolman

 

Há pessoas que passam pela vida tão quietas, silenciosas e discretas, que a palavra que nos lembram é presença.

De corpo médio e sólido, de voz branda e palavras poucas, de olhar atento e sorriso fácil, aparecem sempre de mãos cheias sem que se lhes peça nada, aparecem sempre quando são precisas, sem que se façam lembrar.

Uma linha de continuidade, um barco à espera, um manto que aquece.

Há pessoas que passam por nós tão quietas e discretas que nos fazem lembrar como o ruído é desnecessário.

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publicado às 11:15

Velhos hábitos

por Sofia Loureiro dos Santos, em 02.10.22

Já há bastante tempo que não fazia doce de abóbora. Talvez porque já não exista a pessoa que me dava as abóboras, aquela prima afastada que vivia na terra, que me fazia lembrar o tempo da meninice, um tempo vivido noutro século e também por uma outra eu, que não a que agora existe.

Mas este fim de semana voltei ao velho hábito, também porque fui incluída no velho hábito de outras pessoas que distribuem produtos das suas quintas. Tão velho o hábito como a convivência entre seres humanos, que trocam e partilham víveres, experiências e afectos.

Confrontei-me, por isso, com três abóboras, uma gigantesca e as outras duas apenas grandes. Após pesquisa aturada e apurada, concluí que são do tipo Hokkaido, o que é muito interessante, mas não melhorou a dificuldade que tive para as desmanchar.

abobora 1.jpg

Comecei pelas duas mais pequenas. A casca é duríssima, pelo que a enorme faca que escolhi mostrou grande resistência em cooperar, associada à negação da própria e ao desgraçado ombro direito avelhentado e dolorido que é meu companheiro há já alguns meses, tendo transformado uma tarefa de manhã de sábado num treino desajeitado e bastante esforçado, que faria inveja à minha rigorosa PT.

Não sou de desistir, mas desisti após a segunda abóbora pequena, deixando a gigantesca para outros carnavais, pois parece-me que antes do próximo Carnaval não me vai apetecer outra maratona como esta.

Dois quilos de pedacinhos de abóbora mais tarde, depois de várias imprecações e suspiros irritados, lá raspei a casca de 3 limões que espremi, mais 4 paus de canela e 1200 gr de açúcar, branco e amarelo (é preciso adaptarmo-nos às carências inesperadas), numa panelona que deixei em pousio. Depois de uma horas, foi ao lume, onde ficou 1,5 horas.

abobora 2.jpg

Resolvi, sabe Deus porquê, pegar na varinha mágica para transformar em papa o doce de abóbora, que ficou ainda menos parecido com doce, muito menos de abóbora. Após duas ou três provas achei que estava enfarinhado. Decidi repensar o doce e guardei a inspiração para o fim de uma noite bem dormida.

Mas não me senti lá muito inspirada, confesso. Juntei um pouco de água e foi outra vez ao lume. Só que calculei mal o tempo e a intensidade do fogão e fui despertada pelo cheiro a açúcar queimado. Temendo o pior, corri para o lume que desliguei e para o tacho que retirei do fogão.

Mesmo assim ainda queimou um pouco. Mas depois de arrefecido consegui enfrascá-lo, evitando as partes queimadas. Os frascos cheios já foram ao lume para formar vácuo e as provas devolveram-me um gostinho bastante aceitável.

abobora 3.jpg

Nada como estas aventuras culinárias para nos esquecermos, ainda que temporariamente, das eleições brasileiras, do escalar da guerra e do perigo de uma terceira guerra mundial, da crise que se aproxima, das pandemias, dos refugiados, dos emigrantes, da pobreza, da tristeza, enfim, da vivência de cada um e de todos, desta mole humana a que pertenço.

Porque apesar dos sobressaltos do mundo, a vida acontece, muito difícil para a maior parte, mais fácil para muito poucos que, na maior parte dos casos, nem disso se apercebem.

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publicado às 17:37

Se vão da lei da morte libertando*

por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.09.22

mortos celebres.jpg

Mikhail Gorbatchov

Elizabeth II

Jean-Luc Godard

 

O primeiro mudou o mundo que sobrou após a II Guerra Mundial. A segunda viveu todas as transformações dos sécs. XX e XXI, assistindo à perda de hegemonia do Reino Unido, culminando no Brexit. O terceiro mudou o cinema.

Pela importância mediática, dir-se-ia que a Rainha Isabel II terá sido aquela que maior marca deixou.

Para mim, sem negar a importância de qualquer deles, real ou simbólica, é triste ver partir uma figura como Gorbachov quase sem ninguém notar. Considero-o uma das mais importantes personalidades do séc. XX.

*Os Lusíadas - Luís Vaz de Camões - Canto I

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publicado às 19:32

Dos passados

por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.09.22

Podemos caminhar, passo a passo. As nuvens desenhando sentidos e possibilidades, algumas certezas, na maior parte das vezes cinzentas ou negras. Umas tapam o sol, outras nem sombra acolhem.

Podemos dormitar, música ao fundo, tentando ordenar o que vem aí. Parece que o passado (ou os passados) nem sequer existem. Sucedem-se a grande velocidade e com grande intensidade, sem deixarem marca duradoura embora parem a respiração.

Mas os futuros que antevemos são enevoados, difíceis de orientar, difíceis de vislumbrar.

Pesam os anos e o corpo. O que ficou de tantos antes, o que ficará dos poucos depois?

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publicado às 19:16


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