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Fado de Natal

por Sofia Loureiro dos Santos, em 14.12.24

Mario-Portugal-Fado-meu.jpg

Mário Portugal

 
Natal doce Natal quente
Ano a ano de seguida
Um Natal que se ressente
No arder da despedida
 
Não tenho mãos pra rezar
Ao Jesus que vai nascer
Nem o brilho do altar
Que me possa absolver
 
E o Natal que se aproxima
Vai escrevendo esta canção
Não há dor que nos redima
Nem nos ensine o perdão
 
Não fosse o Natal um fado
Um encontro sem idade
Um poema declamado
Na voz prenha de saudade
 
O Natal sempre resiste 
Aos atropelos da vida
Nesta alma que persiste
Há esperança comovida

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publicado às 12:42

Quadras de Natal (10)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 11.12.23

1971.jpg

Salvador Dalí (1971)

 

Não apagues essa luz
Que a noite não se detém
E eu quero ver Jesus
Com o brilho que ele tem

Não apagues a lareira
Que a noite não se detém
E no lume da fogueira
Nasce a estrela de Belém

Não feches o cortinado
Que a noite não se detém
E este fogo ateado
Reconforta quem lá vem

Não desfaças já a mesa
Que a noite não se detém
E quem chegar de surpresa
Será servido também

Não temas a solidão
Que a noite não se detém
Na concha da tua mão
O mundo sabe tão bem

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publicado às 18:38

Quadras de Natal (9)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 10.12.22

91b9cfe0-84b6-46bc-980b-8dfa01d7bb9c.jpg

Salvador Dali

 

Sem presentes nem lareira

Sem fé nem religião

Quero ter à minha beira

Uma luz de imensidão

 

Pode ser o teu olhar

Ou o quente de um abraço

O silêncio a estalar

No recanto do meu espaço

 

Mas se à porta for bater

Qualquer coisa de divino

A quem assim me quiser

Viajante ou peregrino

 

Faremos da companhia

A festa da Consoada

Carinho que se confia

À família ofertada

 

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publicado às 14:09

Quadras de Natal (8)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 30.11.21

barca-2.jpg

A Arte da Terra

 

Se um dia eu souber

Ter a alma aquietada

E se o Cristo renascer

Da Palavra anunciada

 

Talvez a luz ilumine

Os cantos da solidão

Talvez Jesus me ensine

A curva da mansidão

 

A sorte que tenho em vida

No tempo de ser quem sou

A refeição repartida

Com todos a quem me dou

 

E então será de Natal

O rumor da madrugada

E a ventura sem igual

Que é amar e ser amada

 

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publicado às 12:47

Quadras de Natal (7)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 15.12.20

natal 2020 foto.png

 

Ao Menino quero dar

Um bocadinho de céu

Uma lua de brincar

Um cantinho que é só meu

 

Ao Menino quero dar

As estrelas que hão-de vir

Uma cama de embalar

Uma manta pro cobrir

 

Ao Menino quero dar

Um colinho pra dormir

Uma fada de encantar

Uma rosa pra florir

 

Ao Menino quero dar

O nascer da madrugada

Uma vida pra lutar

Uma pena e uma espada

 

Ao Menino quero dar

O meu peito bem aberto

Para que possa enganar

Um destino mais que certo

 

Ao Menino quero dar

Os meus braços no final

Para que o possa ninar

Nesta noite de Natal

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publicado às 20:32

Quadras de Natal (6)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 09.12.19

presepio-medio-em-burel-com-base.png

Presépio em burel

 

Fui à feira dos afectos

que se vendem bem baratos

mas os meus predilectos

estavam já desbotados.

 

Fui à loja dos carinhos

para enfeitar a amizade

achei apenas uns ninhos

de cinismo e má vontade.

 

Onde estão os corações 

os abraços e a bondade? 

Onde andam as canções 

paz e solidariedade? 

 

Voltei a casa cansada

de tanto buscar em vão

as luzes claras da estrada

acesas num turbilhão.

 

Mas a porta estava aberta

nos teus olhos de Natal

com amor na dose certa

sem hora nem ritual.

 

No teu enlace a quentura

conforto de quem se quer

nesta festa de ternura

Jesus já pode nascer.

 

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publicado às 11:54

Quadras de Natal (5)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 21.12.18

dali navidad.jpg

Salvador Dali -1960

 

Viro o Natal do avesso

examino-lhe as costuras

corto estrelas em excesso

aconchego nas suturas.

 

Fui ao mato buscar lenha

para acender a lareira

sem amor que me sustenha

arde a alma na fogueira.

 

Abri a porta da casa

ao Menino que nasceu

há um mundo que extravasa

a tristeza que há no meu.

 

Parti o pão que me deste

bebi da água e do vinho

meu Menino que nasceste

rodeado de azevinho.

 

Viro o Natal do direito

e penteio-lhe a nervura

verde lindo e sem defeito

polvilhado de ternura.

 

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publicado às 19:05

Cante de Natal

por Sofia Loureiro dos Santos, em 01.12.14

cante alentejano BONECOS.jpg

Oh meu menino de oiro

minha alminha tão nobre

quem te deu como tesoiro

uma vida que é de pobre.

 

Oh meu perfeito menino

que és tão puro e natural

quem te deu como destino

lavar o mundo do mal.

 

Oh meu menino Jesus

que nasces todos os anos

que carregas uma cruz

de tristezas e enganos

 

Oh meu menino querido

não te afastes de nós

neste tempo desabrido

em que nos sentimos sós.

 

Oh meu menino tisnado

que secas o nosso pranto

a dormir tão descansado

no embalo deste canto.

 

Oh meu menino de trigo

seara da minha vida

que possas sentir abrigo

nesta voz enternecida.

 

Oh meu menino moreno

que sofres com meu penar

que possas ser o sereno

da noite que me levar.

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publicado às 21:03

Quadras de Natal (4)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 20.12.13

 

 

 

 

Procuro a balada lenta

nesta noite abençoada,

no centro de uma tormenta

a bonança aconchegada.

 

Centramos as nossas vidas

na mesa da consoada,

lá fora há mãos estendidas

e sonhos sem alvorada.

 

Não sei se é o destino

que abre as portas à luz,

nem sei se um pobre menino

se chama sempre Jesus.

 

Mas sei que brilha uma chama

que desafia a razão:

é o calor de quem ama

e arde na solidão.

 

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publicado às 22:05

Quadras de Natal (3)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.12.12

 

Stefano di Giovanni

 

Quero dar ao meu amor

um fio do meu cabelo

ternura branca de dor

rugas fundas em novelo.

 

Minha alma estendida

umas mãos cheias de nada

o resto da minha vida

a seu lado ancorada.

 

A doçura da romã

quero dar ao meu amado

o respirar da manhã

rumor do campo acordado.

 

Quando chegar o Natal

com a penúria enfeitada

em poeira de cristal

serei a noite encantada.

 

E enquanto o tempo quiser

serão meus braços seu manto

sempre que o céu mantiver

o tom cinzento de pranto.

 

E enquanto o tempo poisar

no ombro do nosso amor

nos dias que irão faltar

o mundo será melhor.

 

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publicado às 14:01


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