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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
A vitória de qualquer dos maiores partidos, PS ou PSD, é possível.
Tal como vaticinei aqui, Rui Rio beneficia de um élan de vitória e de seis anos de uma governação socialista dificílima nos últimos dois.
A derrota do OE abriu caminho à mudança, pelo cansaço e pela quebra de confiança, que penso quase inevitável, entre governantes e governados. Ao contrário de muitos jornalistas e comentadores, que começam a cavalgar a hipótese da vitória social democrata, começando a posicionar-se e a encontrar na estratégia de António Costa as razões de uma eventual derrota socialista, não me parece que seja esse o problema.
Teremos umas eleições disputadíssimas e espero que essa percepção possa motivar os cidadãos ao voto. Votar é mesmo aquilo que importa. Votar em massa, sem medo de COVID-19 ou de outras maleitas.
A maior peçonha é mesmo a abstenção, a descrença e o descrédito. A democracia faz-se todos os dias e só funciona se nós quisermos.
Tudo está em aberto. Por muito difícil que o futuro seja, com a nossa participação será mais fácil. E se há coisa que a pandemia demonstrou foi a importância, a força, a adaptabilidade e a indispensabilidade dos serviços públicos.
Por isso...............
............................ao voto!
candidato Rangel
Acabo de ouvir o candidato Paulo Rangel a associar este governo e a sua negligência em relação ao SNS ao aumento da taxa de mulheres na gravidez e/ ou parto.
É absolutamente irresponsável fazer, neste momento, qualquer tipo de acusações, pois não se sabe, sequer, se este é um aumento pontual ou uma tendência que se irá manter; quando a escassez de dados e as opiniões de quem sabe desta matéria (tal como aconteceu com o aumento das mortes neo-natais) aconselham cautela e indicam como provável causa o aumento da idade das mulheres que engravidam.
Este é um assunto demasiado importante e grave para se usar desta forma obscena. Não pode valer tudo. Mesmo para um candidato como Paulo Rangel, isto é surpreendentemente mau.
Nunca votaria em Rui Rio mas pelo menos, agora, há alguém credível à frente do PSD. É preciso que a oposição ao governo não seja feita de peseudofactos multiplicados pelos media e pelas redes sociais, para precipitar a queda de ministros, nem à hiperactividade afectiva do Presidente da República, mas a um combate político com nexo.
Quem só lesse os títulos dos jornais, ficaria a pensar que a Geringonça estava por um fio, que o governo estava prestes a cair, tal o afundanço nas sondagens.
Afinal, o líder partidário que mais caiu, em relação às sondagens anteriores, foi mesmo Passos Coelho. Houve uma redução de intenção de votos no PS - de 0,5%. E um aumento no PSD - de 0,6%. A diferença entre a Geringonça (57,5%) e o PAF (35,5%), neste momento, e após todas as desgraças do Verão, que a direita explorou miseravelmente, é de 22%.
De facto o governo desceu a sua popularidade, mas a oposição não lucra com isso. A tentativa que os jornais fazem para transformar uma situação estável em derrocada da Geringonça é patética e bem indicativa do desespero de quem agora defende a contratação de Assistentes Operacionais nas Escolas, e considera o crescimento fraco, após a legislatura de que ainda ninguém se esqueceu.
Marques Mendes anuncia crescimento da economia acima de 3%. A seguir o INE apura 2,8% também no 3º trimestre. Logo:
PSD: "Crescimento ficou aquém das previsões, mas continua a ser positivo"
Pelo que me lembro, as previsões do governo eram de um crescimento de 1,8%, que tem sido superado trimestre a trimestre. Aquém de Marques Mendes? A desvergonha do PSD não tem fim.
Como todos os sábados, ouvi calmamente o programa da Antena 2 Um certo olhar, com Gabriela Canavilhas, Luísa Schmidt, António Araújo e Luís Caetano. Como era de esperar falou-se no escândalo da última semana em relação à especulação jornalística e à instrumentalização política da desgraça, concretamente, do número de mortos no incêndio de Pedrógão Grande.
Independentemente do que concordei ou não concordei com o que foi dito, não deixa de me espantar a cuidadosa fuga dos presentes (com exceoção de Gabriela Canavilhas) em criticarem abertamente o Expresso pela divulgação de uma notícia objectivamente falsa, e também a generalização da crítica aos políticos pela utilização deste assunto como arma de arremesso político.
Na verdade foi o Expresso que, a 22 de Julho, faz uma capa em que afirma que a lista oficial dos mortos no incêndio exclui as vítimas de Pedrógão. Imediatamente após desta notícia o PSD e o BE reagiram pedindo explicações ao governo, lançando portanto o anátema de que o governo estava a esconder informação e que tinha obrigação de provar que não estava, tendo Assunção Cristas reagido mais tarde, na exigência de toda a verdade. Apenas o PCP se absteve de alimentar a polémica. Catarina Martins recuou dois dias depois, enquanto o PSD subiu de tom e, de forma insana, faz ultimatos e coloca prazos de resposta.
Portanto: não foram os políticos que instrumentalizaram o assunto, foram alguns políticos do PSD, do CDS e, inicialmente, do BE, enquanto o PCP se demarcou e o PS reagiu escandalizado.
Por outro lado é muito interessante observar o facto de António Araújo desvalorizar a responsabilidade do Expresso, assumindo no entanto que se fosse verdade (que havia mortos escondidos) seria grave. Como se verificou que era mentira, já não é grave o artigo (e a insistência) do Expresso?
A desvalorização e a generalização destes episódios inenarráveis são perigosas. Os políticos e os jornalistas não são todos iguais. Além disso parece que Francisco Pinto Balsemão se indigna com as falsidades divulgadas pelas redes sociais. São, de facto, horríveis, mas as redes sociais não são jornalismo. As responsabilidades não são as mesmas, como ele muito bem sabe, e as exigências também não. Ou será que os jornalistas do Expresso usam os métodos e agem com a ligeireza daqueles que twitam e divulgam disparates?
Mesmo depois de tudo o que aconteceu, o Expresso publica editoriais e outros artigos de opinião em que, em vez de se desculpar, tenta justificar o injustificável, virando os factos de forma a fazer crer que tinha toda a razão e que os outros - mais uma vez os políticos - é que tinham usado mal uma profunda e certeira reportagem, agitando o ataque à liberdade de imprensa e outros chavões como manobras de diversão.
É muito triste assistir a este descalabro no jornalismo livre e independente. Porque livre ele é, independente, já duvido, e jornalismo, é que não é mesmo.
Nota: Tem-se criticado a empresária que terá sido a fonte da notícia do Expresso. Mas quem tem a obrigação de verificar as fontes não são os jornalistas?
Resolução da Assembleia da República n.º 122/2016
Constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à gestão do banco
A Assembleia da República, (...) constitui uma comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à gestão do banco, (...) com o seguinte objeto:
a) Avaliar os factos que fundamentam a necessidade de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, incluindo as efetivas necessidades de capital e de injeção de fundos públicos e as medidas de reestruturação do banco;
b) Apurar as práticas de gestão da Caixa Geral de Depósitos no domínio da concessão e gestão de crédito desde o ano de 2000 pelo banco em Portugal e respetivas sucursais no estrangeiro, escrutinando em particular as posições de crédito de maior valor e/ou que apresentem maiores montantes em incumprimento ou reestruturados, incluindo o respetivo processo de aprovação e tratamento das eventuais garantias, incumprimentos e reestruturações;
c) Apreciar a atuação dos órgãos societários da Caixa Geral de Depósitos, incluindo os de administração, de fiscalização e de auditoria, dos auditores externos, dos Governos, bem como dos supervisores financeiros, tendo em conta as específicas atribuições e competências de cada um dos intervenientes, no que respeita à defesa do interesse dos contribuintes, da estabilidade do sistema financeiro e dos interesses dos depositantes, demais credores e trabalhadores da instituição e à gestão sã e prudente das instituições financeiras e outros interesses relevantes que tenham dever de salvaguardar.
Pelos vistos não interessa concluir esta Comissão de Inquérito. É muitíssimo mais importante descobrir o que exigia uma Administração que não chegou a funcionar, vasculhando os sms entre António Domingues e Mário Centeno.
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