Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
If I can stop one heart from breaking,/ I shall not live in vain;/ If I can ease one life the aching,/ Or cool one pain,/ Or help one fainting robin/ Unto his nest again,/ I shall not live in vain. [Emily Dickinson]
Ao longo da estrada
ouço a mistura dos sons e dos sentimentos
as luzes meio apagadas da manhã o nevoeiro
os cinzas e os riscos de vermelho que me acordam a alma
bato as palmas no ritmo do volante e
as cordas da guitarra arrepiam-me os dedos.
Tão tristes sinceros duros
os acordes desta estrada.
Sinto que a vida me vai espremendo
como a um limão
transformando-me numa casca dura e seca
azeda e ácida
sedenta da frescura de uma rodela
em dias de Verão.
Pinheiros
A minha mãe vai buscar
O meu anel de noivado
Para que possa enfeitar
O meu amor de brocado
A minha mãe vai soprar
As folhas envelhecidas
As aves vão recriar
Melodias esquecidas
A minha mãe vai benzer
Bordados que nunca fiz
A fome de bem-querer
Os muros que nunca quis
A minha mãe vai guardar
A chave que não me entrega
No cofre do seu olhar
O canto que me sossega
Is There Hope
Saboreio a solidão
Como um abraço de mar
Perco-me na imensidão
No delírio de afundar
Cubro o mundo com o véu
Que inventei só para mim
Entre os olhos e o céu
Uma fronteira sem fim
No vício desta vertigem
Que me faz voar por dentro
Concentro-me na origem
Buraco negro no centro
Vou morrendo nesta luz
De um silêncio que arrebata
Uma ausência que seduz
Um nó górdio que se ata
Pode ser que venha a paz
Manto seguro e constante
Com que a alma se desfaz
Num futuro já distante
Alcindo Barbosa
Não há santo que nos valha
Nem demónio que nos tente
Pois a sorte que nos calha
Está no fado que é da gente
Está no fado que é da gente
E no sol que nos aquece
Na saudade que desmente
O que a alma não esquece
O que a alma não esquece
Na memória que há da terra
Na viagem que merece
O saber que o mar encerra
O saber que o mar encerra
Na vida que o tempo traz
No sonho que me desterra
No vento que me desfaz
No vento que me desfaz
Nos braços do meu País
Na casa que colhe a paz
Do mundo que sempre quis
Mosaico
Museu Glencairn
Nesta roda mal rodada
Que com penas nos depena
Pelo tempo depenada
Com suspiros mas sem pena
Hora agora que rezamos
Aos fiéis de pacotilha
As mãos postas que mostramos
Santa cruz na gargantilha
Não nos chegam os pregões
Nem os joelhos no chão
Amealham-se os sermões
p'ra futura redenção
Toca o sino e o badalo
Pasta o cordeiro de leite
Dorme o burro e canta o galo
Não há deus que se respeite
Carrego o mito pelas costas e vai-se moldando pelo corpo
sem asas nem vento prende-se de raízes suculentas
daquelas que nunca existiram sem a dor humana.
Se eu fosse à terra do bravo
Se eu fosse à terra do bravo
Bravo meu bem
Sem a tua companhia
Bravo meu bem
Sem a tua companhia
E de lá viesse cravo
E de lá viesse cravo
Bravo meu bem
Para ver se alvorecia
Bravo meu bem
Para ver se alvorecia
Se as ondas que o mar estende
Se as ondas que o mar estende
Bravo meu bem
Nos braços da ventania
Bravo meu bem
Nos braços da ventania
No canto que se suspende
No canto que se suspende
Bravo meu bem
Com a tua valentia
Bravo meu bem
Com a tua valentia
Que seja de bravo e terra
Que seja de bravo e terra
Bravo meu bem
O amor que arrepia
Bravo meu bem
O amor que arrepia
No cravo da nossa guerra
No cravo da nossa guerra
Bravo meu bem
A espuma que nos sacia
Bravo meu bem
A espuma que nos sacia
Memories, Dreams, & Reflections
Deirdre Doyle
Vou cantando em novelas de encantar
Embrenhada nas florestas invisíveis
Respirando como flor a despertar
Entre as pedras de caminhos impossíveis
Salgo o sangue com que tatuo o destino
Refluindo nas palavras que desenho
Mais fugazes que um poema repentino
Mais letais do que as espadas que não tenho
Forma um grito o teu nome que não vejo
Na candura da minha dedicatória
A presença mais ausente que protejo
Esculpida na cortina da memória
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.