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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
... que, como todos sabemos, já não é o que era.
A manhã passou-se a arrumar a desarrumação da véspera e a preparar o almoço. Resolvi aproveitar as sobras das couves, das batatinhas pequeninas e novas e do grão cozidos para fazer sopa, que será o meu alimento para os próximos dias, recuperando lentamente das calorias ingeridas.
Para esquecer as pernas de peru que costumam assombrar os nossos natais, o Pai Natal cá de casa investiu numa massada de tamboril com camarão, berbigão e vieiras, muito saudável, com muito tomate, pimentos, cebola, alho e salsa, "tudo em cru" (expressão assumidamente disparatada que muito se usa). Estava muito bom!
Respiremos, portanto, e deixemos que a preguiça nos restaure as forças. Para o ano há mais!
O melhor das prendas de Natal são as horas de cumplicidade e aconchego que passaremos a ver as séries, bem doseadas, e a descobrir histórias e autores novos (pelo menos para mim).
Can anybody find me somebody to love?
Each morning I get up I die a little
Can barely stand on my feet
Take a look in the mirror and cry
Lord what you're doing to me
I have spent all my years in believing you
But I just can't get no relief, Lord!
Somebody, somebody
Can anybody find me somebody to love?
I work hard every day of my life
I work till I ache my bones
At the end I take home my hard earned pay all on my own –
I get down on my knees
And I start to pray
Till the tears run down from my eyes
Lord - somebody – somebody
Can anybody find me - somebody to love?
(He works hard)
Everyday - I try and I try and I try –
But everybody wants to put me down
They say I'm goin' crazy
They say I got a lot of water in my brain
Got no common sense
I got nobody left to believe
Yeah - yeah yeah yeah
Oh Lord
Somebody – somebody
Can anybody find me somebody to love?
Got no feel, I got no rhythm
I just keep losing my beat
I'm ok, I'm alright
Ain't gonna face no defeat
I just gotta get out of this prison cell
Someday I'm gonna be free, Lord!
Find me somebody to love
Can anybody find me somebody to love?
Quase a iniciar as hostilidades natalícias, pois de uma guerra se trata entre nós e o bacalhau, as couves e o grão, a massa de aletria e respectivos ovos, as ditas rabanadas com o seu caldo, enfim, e tudo o resto que entretanto irá acompanhar - gente, conversa, confusão, barulho, bem-estar e harmonia - carrego as baterias calmamente aconchegada numa manta.
Já os laços estão atados e o silêncio conforta. Foi um ano difícil, em carrossel permanente, com o país político cheio de casos e golpes baixos, de que o último é a perseguição a Vieira da Silva, de má gestão mediática e erros por parte da Geringonça, total ausência de oposição a sério, omnipresença do Presidente da República que há-de tropeçar na própria hiperactividade e hiperverborreia. Os cidadãos encolhem os ombros e suspiram de medo, de tristeza, de impotência, e gritam de alegria, de alívio, de orgulho e de esperança.
O próximo ano desenha-se trabalhoso mas promissor. Acredite-se ou não na Divina Providência, o carinho e o mimo que damos e recebemos faz de nós gente mais completa, inteira e solidária. Que todos possamos assim crescer.
Mesmo quase em cima dos acontecimentos afadigo-me nos preparativos da época natalícia. Este ano, ainda por cima, tenho o compromisso de preparar iguarias saudáveis e hipocalóricas que, como bem sabemos, são a negação da volúpia e do prazer da degustação gastronómica, e o contrário do espírito peganhento e decadente do Natal.
Mas nada me faz desistir. Sendo assim, aproveitando uma cabazada de abacates que amavelmente me ofereceram, com o recado de que era isso que poderia comer por estes dias, com o compromisso de abater as calorias em fartos e penosos treinos pós pantagruélicas refeições (sem açúcar, sem farinha, sem frituras, etc., coisas a que será deveras difícil obedecer), rumei a destinos desconhecidos no que diz respeito à confecção de compotas.
Inventei uma. Pela cara de um dos habitantes cá de casa não terá sido um êxito retumbante, mas come-se.
Cortam-se as passas aos bocadinhos para dentro de um tacho; a seguir junta-se a raspa de 2 limas; depois cortam-se os abacates ao meio (cerca de 8), retiram-se os caroços e, com uma colher, a polpa que se desfaz à garfada, regando com o sumo das 2 limas, aos poucos; faz-se o mesmo com 3 bananas e põe-se tudo ao lume. Misturam-se umas colheradas de mel (no meu caso 3), a gosto, e deixa-se cozinhar, pelo menos uns 45 minutos, mexendo sempre. No fim reduz-se a puré com a varinha mágica.
Ideal para comer com iogurte (daqueles sem açúcar, sem gordura, sem sabor, enfim), flocos de aveia integrais e sementes de sésamo.
O licor de folha de figueira é a parte herdada da vida de deboche gastronómico, feito com a verdadeira aguardente, as folhas de figueira e açúcar. Maravilhoso.
Amanhã será a vez do ritual do bacalhau, da aletria, das rabanadas, do Natal com gente, conversa e tradição. Tudo é já tradicional, desde o pequeno almoço saboreado na cama, a bonança antes da tempestade, à azáfama de uma tarde passada na cozinha e à noite entre a família e os amigos.
Que todos possam passar um excelente Natal.
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