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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Este ano parece difícil adquirir o espírito natalício. O país anda pouco festivo, mais cinzento e húmido que verde e vermelho, mais prata baça que dourados flamejantes.
Não se vêem turbas multas nas lojas, acotovelamentos, pais natais, renas e neve a fingir. Vêem-se caras coladas às montras, olhares vagarosos pelas portas abertas, espreitando a sedução das cores.
Quando os miúdos da família e dos amigos eram pequenos, eu tinha verdadeiros ataques de pânico na altura das prendas, quando comprava e quando recebia. Por muito que alertasse para a enorme quantidade de bugigangas que enchiam os quartos, a que eles não ligavam nenhuma, a não ser os escassos segundos que demoravam a rasgar os papéis de fantasia, as pilhas de coisas inúteis que atravancavam a casa e a minha alma, a noção de desperdício, da imoralidade da abundância, não era possível travar a avalanche presenteadora.
De há uns anos para cá resolvi que nunca mais gastaria dinheiro, tempo e imaginação a correr de loja em loja. Resolvi que, com a mesma imaginação e o mesmo tempo, era capaz de idealizar ofertas manufacturadas para os meus amigos e familiares. É surpreendente o que podemos criar com as mãos, boa vontade e muita paciência.
Hoje inaugurei a minha própria época de Natal, ligeiramente atrasada, com uma sessão compoteira. Para quem quiser experimentar, aqui fica a receita:
Compota de marmelos com laranja:
Truque: como já tive que desenfrascar o doce outra vez para ganhar mais ponto, se tinha pouco, ou diluí-lo com água, se estava com ponto a mais, agora deixo-o na panela até arrefecer. Se estiver bem, enfrasco, se não, vai outra vez ao lume.
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