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A vitória de qualquer dos maiores partidos, PS ou PSD, é possível.
Tal como vaticinei aqui, Rui Rio beneficia de um élan de vitória e de seis anos de uma governação socialista dificílima nos últimos dois.
A derrota do OE abriu caminho à mudança, pelo cansaço e pela quebra de confiança, que penso quase inevitável, entre governantes e governados. Ao contrário de muitos jornalistas e comentadores, que começam a cavalgar a hipótese da vitória social democrata, começando a posicionar-se e a encontrar na estratégia de António Costa as razões de uma eventual derrota socialista, não me parece que seja esse o problema.
Teremos umas eleições disputadíssimas e espero que essa percepção possa motivar os cidadãos ao voto. Votar é mesmo aquilo que importa. Votar em massa, sem medo de COVID-19 ou de outras maleitas.
A maior peçonha é mesmo a abstenção, a descrença e o descrédito. A democracia faz-se todos os dias e só funciona se nós quisermos.
Tudo está em aberto. Por muito difícil que o futuro seja, com a nossa participação será mais fácil. E se há coisa que a pandemia demonstrou foi a importância, a força, a adaptabilidade e a indispensabilidade dos serviços públicos.
Por isso...............
............................ao voto!
Gostei muito de ouvir a entrevista com Manuel Alegre, na TSF.
Revejo-me em muito do que diz. Mesmo em muito.
O PS não pode perder a sua marca e não pode aceitar ser tratado como um partido inimigo e de direita pelos seus ex-companheiros.
É completamente estapafúrdio ouvir Catarina Martins dizer que foi António Costa, em conluio com Marcelo Rebelo de Sousa, a provocar o chumbo do OE para que houvesse novas eleições. Tal como é absurdo da parte de Jerónimo de Sousa dizer que não queriam eleições.
A solução nunca poderia ser outra que não a clarificação política com eleições.
Deixem-se de desculpas tontas. A responsabilidade tem que ser assumida. Se as eleições são inoportunas, deveriam ter pensado nisso quando decidiram votar contra o OE.
Chegámos ao fim de um ciclo.
Aos eleitores cabe agora fazer a avaliação da actuação do governo e do PS, dos partidos da Geringonça e da oposição de direita. Aos eleitores cabe agora definir o futuro.
Com tristeza e indignação vamos assistindo a declarações incompreensíveis e inaceitáveis, como as de Paulo Rangel ao pretender eleições para o fim de Fevereiro, ou as de Jerónimo de Sousa, pretendendo que não queria eleições, e também a atitudes presidenciais, como a audiência concedida a Paulo Rangel.
As eleições são a solução, mas o país não pode viver em suspenso por mais 4 a 6 meses, entre o acto eleitoral, formação de governo e aprovação do Orçamento de Estado. É bom que todos os protagonistas políticos assumam as suas responsabilidades e facilitem a celeridade dos procedimentos constitucionais.
Que se demita o Primeiro-ministro, que o Presidente dissolva o Parlamento e marque, para o mais breve possível, o dia das eleições, para que os eleitores, cansados de uma crise que não compreendem e que os assusta, possam decidir os próximos passos.
É muito importante que todos nós nos apercebamos do que está em jogo. A vez da direita e da extrema-direita coligadas, a vez do PS em maioria absoluta, a manutenção do (des)equilíbrio da última legislatura, ou um bloco central.
Certa mesmo é a tentativa de assalto ao poder de Paulo Rangel e Nuno Melo, que se preocupam mais com as suas ambições do que com o país, é a muito provável subida do Chega e o iminente regresso de alguns dos protagonistas do governo da troika.
Há um ano seria difícil sequer imaginar o que 2020 iria significar.
A pandemia provocada pelo SARS-CoV-2, a forma como o mundo reagiu, os confinamentos, o fechar das sociedades, a hecatombe económica, o medo, a histeria muito assoberbada pelos media, as notícias falsas, os alarmismos e a dura realidade de tentar gerir esta mistura explosiva, colocaram os holofotes no Governo, no Presidente e nas Instituições de Saúde.
Houve muita coisa que correu mal e muitas outras que poderiam ter corrido melhor. Mas nunca, que me lembre, tanto se exigiu de duas pessoas que desde o início da crise pandémica, diariamente, apareceram a prestar contas e informação.
Falo de Marta Temido e de Graça Freitas. Sem esquecer o Primeiro-ministro que por sorte nos calhou, um Presidente da República que sempre o foi secundando, todos os restantes protagonistas que foram aparecendo para nos acalmar e informar (no qual não incluo, infelizmente, muitos dos representantes dos médicos e enfermeiros de Ordens e Sindicatos), estas duas mulheres foram e são exemplos de sobriedade e resiliência que nos devem orgulhar e a quem devemos o nosso respeito e agradecimento.
Não foram sempre perfeitas nem o serão nunca, mas foram serenas, rigorosas, sérias e leais. Por isso fiquei muito satisfeita pelo regresso de Graça Freitas ao seu trabalho, por isso me indignei com alguns comentários ao assomo de fragilidade de Marta Temido, quando se emocionou até às lágrimas numa cerimónia no INSA.
Para mim são indubitavelmente as figuras do ano.
É difícil acabar este ano sem nos virem à boca todas as palavras azedas e desesperançadas que conhecemos, para expurgar pensamentos e vinagres interiores.
Para não falar do SRAS-CoV-2 e da pandemia, de confinamentos e emergências, de manipulações, histeria e ratos, a minha tristeza e perplexidade olham para o que se tem passado no SEF perante a nossa indiferença e alheamento.
Depois de nos termos apercebido de que um cidadão ucraniano tinha sido morto à pancada em Portugal, na porta de entrada para o que ele esperava ser uma hipótese de vida futura, às mãos do Estado português, perante a cumplicidade e inactividade de todos, com raras e honrosas excepções para muito poucos jornalistas que mantinham a denúncia, vemo-nos confrontados com a incúria e a inépcia política da gestão deste gravíssimo caso, que põe em causa tudo o que propagandeámos de país amigo, tolerante e acolhedor.
O Ministro não actuou de imediato, demitindo a Presidente do SEF, visto que ela própria não o fez. Não só não actuou de imediato como meses depois assumiu a sua inquestionável gestão do caso, divulgando a sua conclusão de que aquele assassinato era caso único e que não manchava o SEF. De tal forma que só depois de mais denúncias, o crédulo Ministro decidiu alargar o âmbito da investigação, como se nada fizesse crer que tudo o que ali se passa deve ser digno de um filme negro de máfias e conluio entre gente inqualificável, que devia estar atrás das grades.
Não só o Ministro mas também o Presidente dos afectos não tiveram a decência de publicamente e em nome do País se desculparem perante tal horror, fazendo o que pudessem para tentar minimizar a dor da família e a nossa vergonha colectiva.
É muito, muito mau. António Costa já devia ter demitido o Ministro, visto que ele não o faz. Mas, mais uma vez, não consegue gerir estas situações, deixando-as apodrecer arrastando todo o governo e a si próprio em marinada lenta de descrédito e estupefacção.
É muito triste, muito mau, muito grave. Só de imaginar o que aquele homem e muitos outros, homens e mulheres, sofreu, sofrem e sofrerão naquele pedaço de Portugal, devia obrigar-nos a todos a olhar para as nossas prioridades.
No fim deste ano de 2020, que parece nem ter existido mas que varreu o mundo destruindo muitos dos alicerces da vida em sociedade, esta é uma péssima amostra do que se passa nalguns cantos que teimamos em não ver.
"(....) Mas a triste sorte de Ihor Homeniuk não mereceu até agora nem a indignação geral nem sequer o interesse específico da Provedora de Justiça, que tanto tem denunciado as condições inaceitáveis dos CIT, aos quais chamou "terras de ninguém" e espaços de "não direito". Não mereceu a exigência de que o SEF seja mudado de cima a baixo - ou extinto. Não mereceu praticamente nada a não ser a obsessão de poucos jornalistas, entre os quais me incluo.
E no entanto pouco houve nos últimos anos que merecesse mais o nosso clamor. Porque se é isto uma polícia portuguesa do século XXI, se é assim que tratamos pessoas completamente desprotegidas, que país somos? Se não chega a diretora do SEF assumir que um homem foi torturado sob a sua guarda, a do Estado português - a nossa - para que lhe indemnizem a família, que falta? Que nos falta?"
É uma vergonha colectiva. Com raras excepções, como a de Fernanda Câncio (21/11/2020), calamos um inqualificável e gravíssimo atropelo a tudo o que tem a ver com leis, Direitos Humanos, decência.
Nem Cristina Gatões, nem Eduardo Cabrita, nem António Costa, em Marcelo Rebelo de Sousa, nem nós, cidadãos, que tantas indignações diárias temos por ninharias e tanto nos calamos por aquilo que de facto importa.
Marcelo Rebelo de Sousa, fala, fala e fala demais, dizendo o que não devia, metendo-se onde não deve meter-se. A DGS não tem que ser politizada e Marcelo sabe muito bem disso, ou deveria saber.
Por outro lado, se a DGS não tinha que divulgar as orientações em relação à festa do Avante (e, de facto, quem deveria divulgá-las seria o próprio PCP), o governo não tinha que a desautorizar, correndo atrás de Marcelo e de Rui Rio. O populismo a ser o norte e o sul da política portuguesa.
Tanta trapalhada!
Começo a pensar que é mesmo importante que Ana Gomes avance para a Presidência.
Estou de acordo com todos os que se opõem à redução dos debates parlamentares quinzenais, em que o Primeiro-ministro e o governo são confrontados com o escrutínio Parlamentar.
O trabalho do Parlamento é legislar e escrutinar a actuação do governo. Um dos trabalhos do Primeiro-ministro é responder aos parlamentares. Este tique autoritário de deixem-no e deixem-me trabalhar é uma submissão ao populismo, muitas vezes denegrido mas abraçado nestes gestos que são bastante significativos do que se pensa da actividade dos deputados.
Não sei se é por ignorância: só há UMA Ordem dos Médicos, que tem órgãos representativos regionais - a Secção Regional do Norte, a Secção Regional do Centro e a Secção Regional do Sul, cada uma com o seu Presidente, ou por não saber expressar-se por escrito. Para a jornalista Rita Rato Nunes o Presidente da Ordem dos Médicos do Sul (Alexandre Valentim Lourenço) fez declarações retumbantes, pelo que é preciso dar-lhes o devido realce, mesmo dando-lhe uma função inexistente.
Mas o mais cómico, ou dramático, é que esta asneira foi replicada por variados meios de comunicação que, de forma acéfala e sem qualquer juízo crítico, propagam disparates com o maior desplante. Mas incompetentes são os ministros novatos e titubeantes.
Vale a pena ler esta notícia, escrita por João Pedro Henriques, na sua qualidade de jornalista e não na de opinador.
Começa logo pelo título: A entrada de Leão: retórica hesitante mas os truques de sempre.
Portanto o novo ministro das Finanças está a ser avaliado pelo jornalista – esteve hesitante. Quanto aos truques de sempre já todos sabemos que os políticos são uns aldrabões, e pretendem enganar-nos com truques, mas ainda por cima são pouco espertos, porque recorrem aos de sempre. E o Sr. Jornalista, já rodado nestas coisas de ministros e truques, fareja-os à distância.
Depois continua a notícia - ele é novato e titubeante, sempre ao lado do Primeiro-ministro (pois estaríamos à espera de que estivesse ao lado de quem?), usando as armas dos socialistas (o ataque é a melhor defesa), ele explica como se fosse o elemento de um júri o resultado do exame de um aluno particularmente mal dotado.
É tal a arrogância, a pesporrência, o desprezo e a deselegância que dói ver o DN a abraçar o estilo dominante e modernaço dos pseudojornalistas que pensam que quem os lê está interessado em saber a sua opinião.
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