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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
As minhas incursões pelo desporto obrigatório, mais comummente referidas cá em casa pelos tttttttttttrrrrreeeeeinos, prescritos por uma assertiva endocrinologista que se desesperava da minha difícil perda de peso, já há cerca de 7 anos, fez-me conhecer, também através da querida Enciclopédia que me acompanhava, e que adorava gozar comigo, nomes como Esbela da Fonseca, com quem era sempre comparada.
Esta minha PT, responsável por madrugadas bastante difíceis em que tenta flexibilizar-me, fortalecer o core, curar-me das várias maleitas que me vão acometendo, com uma paciência, um carinho e uma persistência que eu, por vezes, dispensava, desfez-me as contraturas do pescoço, devolveu-me a mobilidade da articulação do ombro e, mais recentemente, para além dos vários problemas rotulares, também fez a necessária fisioterapia ao braço, depois de uma fratura bem fraturada.
Pois para além da Esbela da Fonseca, que se transformou no meu nickname, também fiquei a saber que todos os dias me encontrava com uma das filhas de um grande atleta, de seu nome Vítor Mano, cujos principais feitos foram, segundo o site Atletismo Estatística:
Vítor Mano foi detentor de outras marcas e recordes pessoais e nacionais, treinador de hóquei em patins e professor de Educação Física.
Como outros atletas, Rosa Mota e os irmãos Castro, por exemplo, é de uma geração em que o atletismo era uma prática pouco apoiada mas que, como hoje, dava grandes alegrias e numerosos oportunismos políticos quando, à custa do abnegado esforço dos atletas, apareciam as medalhas, os recordes, o reconhecimento mediático.
Ontem a Câmara de Montemor-o-Velho dedicou o dia a uma homenagem precisamente a Vítor Mano. Fiquei feliz por uma vez ou outra os nossos representantes reconhecerem o esforço e a dedicação dos nossos atletas, e o seu exemplo de cidadania.
Parabéns ao Atleta Vítor Mano e a quem lhe dedicou esta homenagem. E também à minha PT, pelo orgulho de ter um pai com aquela estatura. E eu sou bem testemunha de quão bem lhe seguiu o exemplo.
E amanhã, há tttttttttrrrrrrrreeeeeeeino outra vez...
Com excepção do futebol, e para além dos próprios desportistas, treinadores, família e amigos, as restantes modalidades parecem inexistentes aos olhos dos media e dos governantes.
No entanto, quando chegam os Campeonatos Europeus e Mundiais e os Jogos Olímpicos, exigimos aos atletas feitos e medalhas para nos refastelarmos de orgulho nacional.
São Olímpicos, sim, todos os atletas que dedicam a vida nas mais difíceis circunstâncias, abdicando de tudo, sem qualquer reconhecimento, e que têm a pressão insuportável de um País que espera aquilo que nunca dá.
Parabéns a todos os atletas que nos engrandecem, com ou sem medalhas. Nós é que lhes somos devedores.
Mark Knight
A triste cena de que Serena Williams foi protagonista, no Grand Slam, em que perdeu para Naomi Osaka, já foi objecto de acesas discussões de sexismo e racismo. E aquilo que deveria ter sido a grande notícia, precisamente uma tenista de 23 anos ter derrotado a grande Serena Williams, foi abafado por tanto disparate.
Até o autor da caricatura foi criticado e acusado de racismo, pela acentuação dos traços fisionómicos de Serena Williams. E eu que pensava que as caricaturas faziam precisamente isso!
Há alguns dias, em acesa discussão com uma amiga, à volta de um jantar que tentava apagar a exaustão que nos acabrunhava, afirmava eu com toda a convicção que o povo somos nós, bons, maus, corruptos, rigorosos, iguais a todos os que tanto condenamos e desprezamos. Ouvi uma resposta meio azeda meio séria, de quem se sente mal pelo que diz, mas convencida da sua razão, de que não, não somos todos iguais, que ela não se sentia parte daquele povo mal educado e vigarista, oportunista e ronceiro.
Hoje, ao inteirar-me da forma como o Benfica reagiu à vitória do Futebol Clube do Porto, também eu afirmo que não faço parte do povo que mandou fechar as luzes e abrir a rega, não sou igual a quem atira pedras, a quem faz da selvajaria a relação com o seu pequeno mundo. De facto, ainda bem que não somos todos iguais.
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