Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Mosaico
Museu Glencairn
Nesta roda mal rodada
Que com penas nos depena
Pelo tempo depenada
Com suspiros mas sem pena
Hora agora que rezamos
Aos fiéis de pacotilha
As mãos postas que mostramos
Santa cruz na gargantilha
Não nos chegam os pregões
Nem os joelhos no chão
Amealham-se os sermões
p'ra futura redenção
Toca o sino e o badalo
Pasta o cordeiro de leite
Dorme o burro e canta o galo
Não há deus que se respeite
Se eu fosse à terra do bravo
Se eu fosse à terra do bravo
Bravo meu bem
Sem a tua companhia
Bravo meu bem
Sem a tua companhia
E de lá viesse cravo
E de lá viesse cravo
Bravo meu bem
Para ver se alvorecia
Bravo meu bem
Para ver se alvorecia
Se as ondas que o mar estende
Se as ondas que o mar estende
Bravo meu bem
Nos braços da ventania
Bravo meu bem
Nos braços da ventania
No canto que se suspende
No canto que se suspende
Bravo meu bem
Com a tua valentia
Bravo meu bem
Com a tua valentia
Que seja de bravo e terra
Que seja de bravo e terra
Bravo meu bem
O amor que arrepia
Bravo meu bem
O amor que arrepia
No cravo da nossa guerra
No cravo da nossa guerra
Bravo meu bem
A espuma que nos sacia
Bravo meu bem
A espuma que nos sacia
Memories, Dreams, & Reflections
Deirdre Doyle
Vou cantando em novelas de encantar
Embrenhada nas florestas invisíveis
Respirando como flor a despertar
Entre as pedras de caminhos impossíveis
Salgo o sangue com que tatuo o destino
Refluindo nas palavras que desenho
Mais fugazes que um poema repentino
Mais letais do que as espadas que não tenho
Forma um grito o teu nome que não vejo
Na candura da minha dedicatória
A presença mais ausente que protejo
Esculpida na cortina da memória
wait for the promised
Permaneço nos simples gestos do viver.
O segurar da maçã o apertar dos olhos
o arrepiar da roupa o engolir do silêncio
gota a gota saboreando a dureza
e a maturidade das rugas
o aninhar do corpo o enrolar da toalha
somando os intervalos da respiração do mundo.
Às vezes penso em listas de coisas
formas de alinhar os dedos as ruas
as paredes. Às vezes penso nas listas
que constantemente nos governam.
Tantas linhas cruzadas vozes indistintas
silêncios indignados ou apenas resignados.
Pedem-nos fé no que não entendem
fé para desdizer a realidade alternativa
entre os olhos fechados e os olhos toldados.
Listas e listas de novos pecados censurados
palavras proibidas palavras decepadas
cada vez mais listas obrigadas à mesma direcção.
Device to Root out Evil
De cabeça para baixo
A troco de mãos e pés
Para ver se assim encaixo
Neste mundo de viés
Pirueta criativa
E sorriso afunilado
Uma careta festiva
De um espírito enrugado
Salto um passo diminuto
De uma ponte entre dois nós
Infinito absoluto
Do silêncio que há na voz
E nos dedos que nasceram
Para dedilhar o destino
Estão os medos que acenderam
Este grito clandestino
A teu pedido saí pela estrada vazia
medindo o compasso da respiração
a frequência do voo dos pássaros
apreciando a textura dos grãos de areia.
Ninguém me guia nem me segue
nenhum corpo de homem ou mulher
estende a invisível rede que compõe
a humanidade.
Só eu na estrada e o silêncio alado
dos pássaros que riscam o céu
de cumplicidade.
Seremos as pregadeiras
Do mundo que nos calhar
Como pedras parideiras
Devotos mas sem altar
Serão os dias de flor
Sem cantos nem oração
Bálsamo que acalma a dor
Das feridas da paixão
E os abismos da tormenta
Que arrefecem madrugadas
Com salpicos de água benta
Serão asas prateadas
Seremos de terra e bruma
Anéis de vento e de mar
Nas vagas de amor e espuma
Sem medo de navegar
[17/Julho/2022]
A Bundle of Nerves Sculpture
Esta ansiedade palpável
Com que me deito e levanto
Numa correria instável
Com que atraso e adianto
Os segundos sem ponteiros
De um tempo reversível
Os relógios desordeiros
De uma calma impossível
Esta fase treme e louca
De noitadas em vigília
Vira noites sem boca
E faz ranger a mobília
Vem a manhã corrompida
De cansaço inundada
Lembrar ao corpo que a vida
Acorda de madrugada
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.