Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Meço o tempo pelas palavras/ cada vez mais curtas/ cada vez mais escassas/ cada vez mais duras/ instalando-se o silêncio/ nesta doce melodia/ do esquecimento.
Zeca Afonso & Manuel de Oliveira
Venham mais cinco, duma assentada que eu pago já
Do branco ou tinto, se o velho estica eu fico por cá
Se tem má pinta, dá-lhe um apito e põe-no a andar
De espada à cinta, já crê que é rei d'aquém e além-mar
Não me obriguem a vir para a rua gritar
Que é já tempo d'embalar a trouxa e zarpar
Tiriririri buririririri, Tiriririri paraburibaie, Tiiiiiiiiiiiiii paraburibaie ...
A gente ajuda, havemos de ser mais eu bem sei
Mas há quem queira, deitar abaixo o que eu levantei
A bucha é dura, mais dura é a razão que a sustem
Só nesta rusga, não há lugar prós filhos da mãe
Não me obriguem a vir para a rua gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa e zarpar
Bem me diziam, bem me avisavam como era a lei
Na minha terra, quem trepa no coqueiro é o rei
A bucha é dura, mais dura é a razão que a sustem
Só nesta rusga, não há lugar prós filhos da mãe
Não me obriguem a vir para a rua gritar
Que é já tempo d'embalar a trouxa e zarpar
Tudo se aproveita para acirrar os ânimos do populismo. A última moda é o pseudo ultraje pelas comemorações oficiais do 25 de Abril de 1974.
Num País a cumprir a segunda renovação do estado de emergência, em que a excepção abre a porta aos desvarios totalitários, é indispensável que as Instituições democráticas permaneçam em funcionamento e que demonstrem que a democracia se mantém e vai continuar, mesmo contra os apelos virais de quem usa o medo para alimentar a raiva contra os representantes eleitos do povo.
O Parlamento está a trabalhar, como todos os que podemos devemos fazer, dentro dos constrangimentos da pandemia. A falta de respeito seria exactamente o contrário. E o CDS, à falta de ideias que o salvem da extinção, cavalga a onda e copia o estilo do CHEGA.
O facto de não podermos ir para a rua comemorar o 25 de Abril só avoluma a importância da cerimónia parlamentar. As comemorações do 1º de Maio, desde que obedeçam às restrições impostas, são absolutamente legítimas e somos livres de participar, ou não, como acontece todos os anos, desde o dia 25 de Abril de 1974.
Manuel de Oliveira
Venham mais cinco
Duma assentada
Que eu pago já
Do branco ou tinto
Se o velho estica
Eu fico por cá
Se tem má pinta
Dá-lhe um apito
E põe-no a andar
De espada à cinta
Já crê que é rei
Dàquém e Dàlém Mar
Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar
A gente ajuda
Havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira
Deitar abaixo
O que eu levantei
A bucha é dura
Mais dura é a razão
Que a sustem
Só nesta rusga
Não há lugar
Pr'ós filhos da mãe
Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar
Bem me diziam
Bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra
Quem trepa
No coqueiro
É o rei
José Afonso
Nada de palavras objectos ou flores
apenas olhares e sorrisos
o toque do carinho que nos liberta
neste dia igual e único
a que nos aconchegamos devagar
sem nunca nos despedirmos.
Gente jovem a discursar, a dizer bem e alto o que cumpre dizer, em nome da Liberdade e da Democracia, comemorando o 25 de Abril.
Refrescante o discurso de Margarida Balseiro Lopes. Ainda bem.
25 Abril de 1974 - Largo do Carmo
De Abril o brilho dos olhos nos cravos
armas flores e meninos espantados
liberdade perfumada para escravos
despertados pelos sonhos renovados.
Tantos anos que passaram num só dia
tanto tempo concentrado de ternura
desde sempre com a voz da poesia
para sempre com um cravo à cintura.
De Abril sinto o sal da alegria
um instante de contínuas ilusões
num País que do mundo sobraria
com a alma inundada de canções.
É de Abril a cor da mão que te ofereço
o carinho com que planto tanta espada
ao País que tanto sofro e desmereço
na certeza da perpétua madrugada.
Estamos perto de comemorar o 44º aniversário da revolução do 25 de Abril. Para além dos discursos oficiais, da repetição das imagens e dos sons emocionantes daquela madrugada e daquele dia, era muito importante que quiséssemos e soubéssemos fazer novas revoluções.
Uma revolução nas leis laborais, de forma a reduzir a idade da reforma, os horários de trabalho, a torná-los flexíveis e adaptáveis às funções e aos objectivos, incentivando o teletrabalho sempre que fosse possível. De uma assentada, reduzíamaos o desemprego e renovávamos os envelhecidos quadros, dando possibilidade aos jovens de ter uma vida própria e digna, capacitando os mais velhos para outra fase mais livre e descansada.
Uma revolução social, capacitando as comunidades de transportes locais, que pudessem recolher e conduzir os seus habitantes entre os supermercados, os jardins, os centros de saúde, etc., formando um grupo de apoio domiciliário para pequenas obras nas casas, para entrega de compras, para ajuda nas tarefas domésticas ou outras de que a população mais idosa cada vez precisa mais.
Uma revolução na saúde, deslocando a entrada no sistema para os centros de saúde e para o atendimento ao domicílio, fornecendo os centros de saúde de várias especialidades e vários especialistas, de médicos, técnicos, enfermeiros, assistentes administrativos e operacionais, retirando a pressão dos hospitais que deveriam ser apenas para os casos agudos e de curta duração.
Uma revolução na habitação, incentivando a recuperação das casas e proporcionando rendas acessíveis para todos, nomeadamente para quem quer iniciar a sua vida.
As pessoas precisam de tempo para praticarem exercício, para prepararem refeições, para acompanharem os filhos e os pais. As pessoas precisam de espaço próprio para construirem famílias, para serem autónomas, para se realizarem como cidadãos. As pessoas precisam de emprego minimamente estável para produzirem, para evoluírem, para poderem aspirar a uma vida condigna, terem filhos, viajarem, usufruirem, consumirem.
No próximo 25 de Abril, que tal vir a Geringonça (ou outras engenhocas) com estas ideias ou outras que inovem, que sejam realistas e que nos despertem para a esperança e para a felicidade?
Guerra colonial: 1961 - 1974 (13 anos)
O capitão que quase enganou a tristeza
Manuel Alegre & Adriano Correia de Oliveira
Já lá vai Pedro Soldado
Num barco da nossa armada
E leva um nome bordado
Num saco cheio de nada
Triste vai Pedro Soldado
Branda rola não faz ninho
Nas agulhas do pinheiro
Não é Pedro Marinheiro
Nem no mar é seu caminho
Nem anda a branca gaivota
Pescando peixes em terra
Nem é de Pedro essa rota
Dos barcos que vão à guerra
Onde não anda ceifando
Já o campo se faz verde
E em cada hora se perde
Cada hora que demora
Pedro no mar navegando
Não é Pedro pescador
Nem no mar vindimador
Nem soldado vindimando
Verde vinha vindimada
Triste vai Pedro Soldado
Já lá vai Pedro Soldado
Num barco da nossa armada
Deixa um nome bordado
E era Pedro Soldado
Branda rola não faz ninho
Nas agulhas do pinheiro
Não é Pedro Marinheiro
Nem no mar é seu caminho
Deixa um nome bordado
E era Pedro Soldado
E era Pedro Soldado
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.