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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Amo as rosas que nunca tive
os vasos quebrados as esquinas das portas
os tapetes que desbotam no sobrado.
Amo as vidraças enevoadas
as pequenas gotas de tristeza
que se acumulam nos dedos frios
as cortinas dependuradas a usura das folhas
os olhos cansados de tanto desejarem.
Amo as rosas que nunca tive
todos aqueles abraços que não guardei
e que esperam no fundo dos casacos
a oportunidade de secarem.
Talvez assim me seja revelada a vida
que queria e me neguei
por tantos objectos adorados
que se quebraram mal lhes toquei
frágeis cansados desistentes
numa poeira fina que anuncia
uma efémera e ilusória eternidade.
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