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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Se calhar já ninguém se lembra das previsões do tsunami da pandemia que estava prestes a atingir Portugal. Convém lembrar que a previsão mais benigna era de termos 16.395 casos a 30 de Março, e a mais negativa projectava 48.110 casos no mesmo dia. Felizmente apenas a 18 de Julho se atingiram os 48.390 casos (110 dias depois).
Ao contrário das muitas declarações que se multiplicam veiculadas por diversas entidades e personalidades com diferentes formações e responsabilidades, considero que, em Portugal, a situação nunca esteve descontrolada e até tem corrido bastante bem.
Se bem me recordo, o grande objectivo era achatar a curva, de forma a reduzir ao máximo a inundação dos serviços de saúde e a mortalidade, minimizando as infecções nas faixas etárias mais elevadas. Até hoje, mesmo após o desconfinamento, isso tem sido conseguido.
Espero sinceramente que se possam retomar todas as actividades o mais depressa possível, vencendo o alarmismo e o pânico que nos assolam. Não podemos manter alocados todos os recursos, nomeadamente os da saúde, a tratar uma doença que, apesar de tudo, atinge 0,5% da população do país, se considerarmos apenas os casos confirmados de infecção. Há imensas outras patologias que foram deixadas à sua sorte, muitos doentes que deixaram de ser acompanhados, ou porque não procuraram os serviços ou porque estes estavam impossibilitados de os atender.
É indispensável, sem que abrandemos os cuidados e a prevenção da infecção, que saibamos conviver com este vírus. Não me parece justificável a manutenção diária de notícias que nos convencem de uma magnitude que está desfocada da realidade.
Não desvalorizo a COVID-19, até porque muito há ainda para saber e descobrir sobre esta entidade. Mas a hipertrofia mediática do SARS-CoV-2 faz-nos desfocar de todos os outros problemas tão ou mais graves e muito mais prevalentes nas nossas sociedades. É altura de recuperarmos do susto e de reorganizarmos as prioridades.
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