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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Parece que estamos numa fase estável da pandemia em Portugal. Todos os dias há novos casos mas a percentagem de evolução mantém-se entre os 0,5 e os 1% e, mais importante que isso, o número e percentagens de doentes internados e em Unidades de Cuidados Intensivos têm vindo consistentemente a descer.
Por agora a pandemia está controlada e podemos, com cuidado, mantendo a vigilância, os cuidados de prevenção e de redução de riscos, começar a regressar à nossa vida. Temos que perder o medo de desconfinar.
Há muito que ficou suspenso, em termos de cuidados de saúde – consultas, cirurgias, rastreios – que tem que ser recuperado o mais depressa possível, para que se minimizem as consequências inevitáveis desta suspensão, dos atrasos nos diagnósticos e nas terapêuticas.
Talvez fosse de ponderar, como já tantos disseram, retomar a orientação dos doentes com COVID-19 para alguns hospitais de referência, libertando os outros para a necessária recuperação da actividade.
Muito fizemos nestes meses e muito aprendemos, pelo menos assim o espero. As práticas que fomos obrigados a implementar em tempo recorde, no campo das soluções de teletrabalho, de teleconsultas, de agilização dos atendimentos e resolução de problemas online, por telefone, por aplicações, etc., evitando deslocações e perdas de tempo inúteis, deverão ser optimizadas e continuadas, no SNS e em todas as outras áreas de actividade.
A redução de veículos nas estradas, para além do ganho ambiental, faz diminuir os acidentes de viação, as filas de trânsito, as despesas com os combustíveis, os problemas de estacionamento. A melhoria de qualidade de vida se pudermos combinar melhor o trabalho com tudo o resto, a possibilidade de desburocratizar os procedimentos, a disponibilidade para resolver as coisas sem complicar que a pandemia nos deu, são para manter e incentivar.
A pandemia não está vencida, mas temos que vencer o medo. Lavar as mãos, manter a distância social, respeitar os outros e lembrarmo-nos da enorme multidão que não pode nem nunca conseguiu ficar em casa à espera que passasse o perigo, porque esteve a assegurar o sustento, a saúde e o conforto dos outros. E também de outra enorme multidão que está aflitíssima, sem dinheiro para pagar as despesas básicas, nomeadamente comida, e que precisa da nossa solidariedade para viver e para poder continuar a trabalhar.
Todos queremos regressar à vida, rapidamente, mas a qual vida? Essa é a questão verdadeiramente mais importante.
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