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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Pessoas de carne e osso, os jornalistas são como os políticos, os empresários, os médicos, os advogados, os agricultores, os arquivistas, os pedintes ou os futebolistas. Umas vezes são melhores outras piores, umas vezes estão certos, outras errados, uns são sinceros, rigorosos, competentes e honestos, outros cínicos, desleixados, incompetentes e desonestos.
Como classe profissional acha-se indispensável, incorruptível, incrível e insubstituível, mas está cheia de gente incompetente, incapaz, inacreditável, intratável e irresponsável, julgando-se inimputável e intocável.
Se Cristiano Ronaldo, José Sócrates, Armando Vara, Cavaco Silva, Paulo Portas, Ricardo Salgado, Gabriela Canavilhas, Fernanda Câncio ou Irene Pimentel, para citar alguns exemplos, são escrutináveis e criticáveis, também os jornalistas o são e é de toda a pertinência rever os seus artigos, reportagens e afirmações enquanto produtores de informação, tantas vezes insuficientes, enviesados e mentirosos, com dados errados, inventados ou interpretados à luz de opiniões próprias ou alheias que incorporam sem qualquer crítica.
Basta vermos as reacções às críticas de Gabriela Canavilhas a uma reportagem do Público sobre a manifestação em favor da escola pública, em contraste com a que foi feita relativamente à das escolas com contrato de associação, para nos darmos conta dos tiques ditatoriais dos jornalistas que, façam o que façam e digam o que digam, não podem ser contrariados.
Cristiano Ronaldo cometeu o erro de sair da imagem de plástico que associamos às figuras mediáticas, com explosões de raiva, frustração e asco por um grupo com quem tem um contencioso judicial há anos, grupo esse que pratica um tipo de pseudo jornalismo alicerçado na devassa da vida privada daqueles que considera propriedade pública, por estarem mais expostos ao público. Não o devia ter feito? É verdade, pelo menos mandaria a prudência bem educada que o não fizesse.
Mas atentado à liberdade de informação? Mas ninguém se dará conta de tanto ridículo e de tanto disparate?
(*) Nota: Ando definitivamente com falta de imaginação para títulos e para assuntos. Vale a pena ler (juro que não plagiei).
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