por Sofia Loureiro dos Santos, em 20.03.16

16/ Março/ 2016
O orçamento de Estado, contra todas as opiniões mediáticas, jornalistas muito imparciais e comentadores competentíssimos, foi aprovado com o voto e o aplauso dos partidos que suportam o governo, como tinha sido assumido pelos mesmos.
António Costa tem-se revelado muito melhor Primeiro-ministro em funções que candidato à função, felizmente para todos nós. A pouco e pouco vão-se delineando as políticas do novo ciclo.
- O Ministro da Educação arrepiou caminho em relação às obrigatórias provas de aferição para este ano, e fez muito bem. Esperemos que ainda apure o novo modelo e que comece a pensar numa verdadeira modificação tranquila de todo o sistema, adaptando-o aos novos tempos, aproveitando experiências noutros países e não cedendo às pressões de quem nada quer que mude. A coragem política é indispensável e as notícias do aproveitamento das escolas públicas para celebrações religiosas, independentemente das opiniões das associações de pais, é uma péssima notícia. O Estado é laico pelo que é absurdo que se mantenham essas práticas, seja aonde for. A religião tem o seu espaço fora da Escola Pública.
- O Ministro da Saúde vai fazendo o seu caminho, até agora mais prometido que concretizado. Mas as orientações que expressa são um refrescamento daqueles conceitos que parecia termos esquecido - o SNS não é um serviço para pobres, deve ser pago por todos de igual forma, pois a discriminação é feita através de impostos, é preciso investir nos cuidados primários e no atendimento comunitário e domiciliário. Embora considere importante e necessário o conhecimento e definição dos centros de referenciação, há o perigo de desinvestimento nas restantes unidades de saúde, o que levará a um círculo vicioso e a um depauperamento da confiança dos doentes nos hospitais que os servem e uma degradação dos próprios centros de referência pela exaustão de meios.
- Outra notícia interessante é a do investimento na modernização do sector dos táxis, com a hipótese de regulamentação dos UBER. Já rufam os tambores da revolta, pois a modernização é avessa ao imobilismo e as Associações dos profissionais apenas parecem apostadas em impedir a concorrência.
Parece que as agências de rating não estão a colaborar com a direita, o que também é uma novidade. Veremos se Bruxelas aprende a respeitar a vontade dos eleitores em Portugal.