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If I can stop one heart from breaking,/ I shall not live in vain;/ If I can ease one life the aching,/ Or cool one pain,/ Or help one fainting robin/ Unto his nest again,/ I shall not live in vain. [Emily Dickinson]
A caminho de Sète passámos por Montpellier, onde se fundou uma das mais antigas e prestigiadas Faculdades de Medicina do mundo medieval. Cidade no caminho de muitos peregrinos para Santiago de Compostela, foi também refúgio de judeus fugidos de Espanha e ponto de encontro e passagem de muçulmanos, dando-lhe uma multiculturalidade pujança religiosa e científica, em que a liberdade de ensinar e aprender foram precoces e determinantes.
Passeámos um pouco pela cidade velha, demos uma voltinha pelas várias zonas pedonais, desembocámos na Place de La Comédie, depois na Place Jean Jaurès (com a sua estátua), fundador do L'Humanité e um dos fundadores do Partido Socialista Francês, defensor de Dreyfus, para além de muitos outros acontecimentos que protagonizou, tendo sido assassinado através de uma janela de um café.
Montpellier tem na sua História figuras como Nostradamus, muito em voga quando é preciso justificar teorias mais ou menos conspirativas e misteriosas, como o fim do mundo, através das suas Profecias, e Jean Moulin, um herói da Resistência francesa (apenas para citar dois).
Do almoço não reza a História. Sète, a cidade dos canais - Canal du Midi, Canal du Rhône, que se ligam ao Mediterrâneo e formam a Bacia de Thau. A localização do seu porto é estratégica para comércio e viagens entre Marrocos e a Europa. Através dos seu canais há pontes que se desviam ou que se elevam para passagem dos navios de grande porte.
O Hotel em que ficámos estava muito bem localizado, mesmo em cima do Vieux-Port. Mas era de tal forma minúsculo - cama, casa de banho com privé de um lado, qual cela de prisioneiro no fundo de uma caverna, que mal tinha espaço para nos sentarmos com a porta fechada, e uma cabine de duche aberta para o quarto, para além de uma selha que servia de lavatório. Enfim, em vez de quarto com casa de banho era mais uma casa de banho com cama!
Fomos passeando pelo Vieux-Port, deambulando pelos canais, que fazem desta cidade um local muito simpático. Como sou fã de uma série policial francesa (Candice Renoir), é fácil imaginá-la perseguindo assassinos pelos canais, nas suas roupas cor-de-rosa e com toques de telemóvel sempre diferentes, subtilmente alterados pelos seus filhos gémeos.
Jantamos muito bem, comendo ostras e sopa de peixe, uma delícia destas paragens.
Sabor de mar, não há dúvida que viver à beira de água inunda o espírito de azul.
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