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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Chico Buarque
Gosto muito de candeeiros.
Não sei quando nem como passei a dar atenção à iluminação dos espaços. Provavelmente ao longo dos anos fui vendo cada vez pior. Os óculos passaram de miopia e astigmatismo para miopia, astigmatismo e presbiopia, ou seja, progressivos, aqueles óculos que têm que ter uma grande dimensão para acomodar as várias distâncias do olhar.
Mas a necessidade de luz também vem no pacote. Arranjei umas barras de luz branca por baixo dos armários da cozinha, para iluminarem as bancadas; um foco em cima da mesa, para iluminar os pratos e as refeições; troquei os apliques da entrada, para ver o sítio onde coloco o casaco e a mala; transformei vários candeeiros para iluminar a sala; troquei o candeeiro da sala, porque alumiava pouco e estava tão alto que fazia sombra.
Claro que me fartei de procurar candeeiros na internet e lojas de decoração. Fui mesmo em excursão por Lisboa fora, em demanda das ditas lojas. Têm muita oferta, mas os poucos candeeiros de que gosto são caríssimos.
Foi nestas andanças que descobri o Hospital dos Candeeiros, em Lisboa, mais precisamente na Rua da Palmira, nº65-C. No meio da pandemia, com obras e mudanças, lá fui eu guiada pelo Waze até à freguesia dos Anjos, onde não é nada fácil estacionar.
O primeiro candeeiro que arranjei foi um de pau preto, herança de quem andou por Moçambique. Demorou, mas ficou espetacular. Seguiu-se-lhe outro, também de pau preto, um pouco mais pequeno. Remodelaram as eletrificações e os abajures e corrigiram os alinhamentos dos seus corpos - uma maravilha.
A seguir substituí os apliques da entrada. Não encontrava nenhuns de que gostasse, de forma que, com a ajuda da senhora da loja, fizemos uns. Lindíssimos, simplicíssimos, apenas uma haste e uma bola, apontando para baixo (pois assim alumiam mais).
Não contente com isso, comprei um candeeiro de secretária com globo esverdeado. Neste momento estão em grande cirurgia os meus candeeiros de mesa de cabeceira, que após 34 anos já perderam alguns bocados e precisam de crescer, para iluminarem melhor as minhas insónias.
Só agora me percebi que o Hospital dos Candeeiros é bastante conhecido e teve honras de publicações no DN, na Time Out e na Lisboa Secreta. Para quem, como eu, gosta de transformar coisas e tem imensa dificuldade em estar na moda, trocando de decoração a cada 3 anos, estas lojas são uma bênção. Pequenas, simpáticas, com criatividade e sem olharem para nós como se fossemos extraterrestres, sempre que lá vamos propor qualquer coisa de esdrúxulo.
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