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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Há um ano estreava Histórias de Lisboa. Para mim, um fantástico desafio e experiência, aumentados pelo orgulho de participar num espectáculo do Teatro Meridional.
Neste vídeo podemos perceber o conceito, os bastidores, a Lisboa de há um ano, poesia, e excelentes profissionais a criarem e a trabalharem. É sempre um milagre. Obrigada a todos por esta oportunidade, especialmente à Natália e ao Rui. E parabéns!
E como a Lisboa de hoje é diferente da Lisboa de então. Como, de um momento para o outro, tudo muda. Talvez se pudéssemos guardar alguma desta Lisboa silenciosa, espaçosa, dormente e luminosa para um futuro que rapidamente irá voltar, negando as juras de revolução na vida e no uso e abuso dos recursos, fosse se não o suficiente pelo menos uma vitaina de ar e de asas para continuarmos a sonhar.
Esta é a letra do fado que o Rui Rebelo magistralmente musicou
LISBOA
Regresso numa noite de alegria
com ondas de memória no olhar
a pele em nuvens de melancolia
de um corpo que recusa naufragar
Em barcos ou nas pedras das calçadas
nas ruas que percorro e desconheço
um mundo de palavras soletradas
de quem faz de Lisboa um recomeço
Destino de um passado que se esquece
ao ritmo que desfaz a melodia
verdade de um canto que apetece
no Tejo em que se espelha a poesia
As aves que ecoam assustadas
nas praças que Lisboa desenhou
desfilam pelas portas desbotadas
como se a luz abrisse o que fechou
Nem muros de pobreza e solidão
limitam tantas almas sem idade
dedilham com amor e lentidão
o fado que refaz a liberdade
Regresso numa noite imaginada
pelas ruas que a Lua inundou
recolho numa alma enrugada
o canto que Lisboa me ensinou
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