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Do problema das retenções

por Sofia Loureiro dos Santos, em 05.05.17

water retention.jpg

 

Não, não é da retenção de IRS, mas sim de fluidos. Ao contrário do que aprendi no curso de Medicina, por certo já muito desactualizado, agora todas as pessoas, mais as mulheres, claro, fazem retenção de líquidos, mesmo que não tenham qualquer tipo de insuficiência cardio-vascular, qualquer estado de mal absorção e/ ou hipoproteinémia, qualquer tipo de insuficiência renal.

 

A retenção de fluidos, conforme tenho aprendido nos últimos tempos, é qualquer coisa também ela muito fluida que nos faz aumentar de peso e que passa com a ingestão obsessiva de drenantes, outra palavra que começou a fazer parte do meu léxico. Portanto temos chás drenantes e líquidos drenantes, tudo para reter a retenção de fluidos, sejam eles quais forem. Também é preciso beber litradas de água que, paradoxalmente, acelera a drenagem dos ditos.

 

Para além das várias intolerâncias da humanidade, onde se destacam as recentíssimas intolerâncias ao glúten e à lactose, temos agora que ingerir chás de hibisco, alcachofra, gengibre e dente-de-leão, sumos detox com estranhas misturas de ervas e frutos, banir para todo o sempre o açúcar, deliciando-nos com doces que não têm doce, sobremesas sem açúcar e comendo muita gelatina, daquela dietética, queijo magro, manteiga que não é manteiga, pão das mais diversas farinhas, nomeadamente de farelo (lembro-me sempre que o meu avô compunha a comida dos porcos com farelo), com excepção absoluta do trigo, esquecer a existência da batata (a não ser que seja batata-doce, o novo milagre que cura todos os males do corpo), da massa e do arroz.

 

Portanto, para além de todas as culpas ancestrais que carregamos, as culpas da educação judaico-cristã, as culpas do escasso tempo livre que temos para a família e os amigos, soma-se agora a culpa de comer, porque não sabemos e porque estamos viciados em açúcar. Substituímos o silício pelos complicados e restritos menus a que nos obrigamos, tudo para acabar com a retenção de gordura, de açúcar e, principalmente, dos tais famigerados líquidos que teimam em acumular-se nos nossos martirizados organismos, mesmo depois de uma extremamente saudável sopa de couve-flor com orégãos e de uma saciante beringela gratinada com cogumelos.

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publicado às 17:33


2 comentários

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De Ana M Pereira a 06.05.2017 às 09:48

A ideia estúpida de que o organismo humano em estado normal acumula substancias tóxicas como se fosse uma fábrica poluente é um a das maiores trapaças. Destinada a vender produtos "detox", em comprimidos ou sumos, não tem qualquer base científica. Como se o corpo humano com rins e intestinos funcionantes não fosse suficiente e precisa-se de uma unidade extra de tratamento de resíduos. Não se pode com tanto disparate. Como eu costumo dizer não é preciso descobrir uma nova teoria, basta ter bom senso. Bj
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De Sofia Loureiro dos Santos a 06.05.2017 às 21:22

Tens razão, Ana, tudo isto é para arranjar novos consumos. Águas com aromas, cálcio e vitaminas, vale tudo para a venda de mais saúde, mais beleza, mais juventude.
Bj

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