Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Antes de nos dirigirmos a Antequera pareceu-nos uma boa ideia visitar a Sierra Nevada, subindo a um dos seus picos, mais precisamente ao Pico Veleta. A estrada é bastante boa e a paisagem é sumptuosa e inspiradora.......
.......... e absolutamente assustadora para quem, como eu, sofre de acrofobia. Foi um sofrimento fazer aquela estrada a subir, e depois a descer, de tal forma que acabámos por desistir aos 2500 metros.
Uma pena, de facto, que me faz sentir culpada. Mas a sensação de queda iminente, os suores frios, enfim, todos os sinais e sintomas de alguém tresloucada em pânico, por muito maravilhosa que sejam as vistas e muito decepcionante que seja a frustração.
Parámos num miradouro e pudemos apreciar a paisagem, embora de uma altura menos impressionante que a do Pico Veleta. Mas tenho um companheiro muito compreensivo, pelo que lá nos dirigimos para Antequera, sem mais delongas. Cruzámo-nos com imensos ciclistas, o que me deixou muito espantada, pois a subida é mesmo a sério, tal como a descida.
Foto que NÃO tirei na Sierra Nevada
Chegámos a Antequera à hora de almoço. O Parador, perto do centro da cidade, é mesmo muito agradável e fomos muito bem recebidos. As refeições eram servidas no bar da piscina o que, à noite, é uma beleza, com uma serenidade e uma paisagem que nos concilia com todos os (nossos) defeitos.
Quando nos preparávamos para visitar o museu da cidade, houve um acidente, algo inevitável em qualquer viagem que tenha feito. Normalmente sou eu que caio, ou tropeço, ou outro incidente que me deixa irritadíssima e com um pé, um dedo, um joelho, etc., em mau estado.
Mas desta vez não fui eu! O meu companheiro deu um valente porrazo, numa curva do passeio particularmente íngreme e escorregadio, ficando com um pé em posição anacrónica e irregular, acompanhado por um clic.
De imediato surgiram 3 homens do nada - um deles de um carro parado no semáforo - que o ajudaram a levantar-se. Gente muitíssimo simpática e solidária. Já em Granada, depois da visita a Alhambra, exaustos do calor, resolvemos apanhar um taxi para o Hotel. A paragem de taxis estava deserta, nomeadamente sem os ditos. Depois chegou mais uma cliente com a sua filha que, muito simpaticamente, ligou a pedir um carro para ela e outro para nós! E partimos primeiro, porque estávamos lá antes dela. Fartámo-nos de dizer gracias, gracias, gracias.
Mas um clic com um porrazo daqueles obrigava a um RX, para excluir (ou confirmar) uma fractura. E foi assim que visitámos o SNS espanhol, mais especificamente Andaluz. Atenderam-nos com alguma dificuldade, por causa da língua, mas tudo correu como se fosse em Portugal. Depois de 2 horas, de lá saiu um casal aliviado, com o elemento masculino a coxear e com o pé atado de ligaduras e a indicação de congelar o pé e... dar tempo ao tempo.
Mesmo assim não desistimos. No dia seguinte lá fomos ao museu da cidade, não sem antes tentarmos uma incursão pelo Torcal de Antequera, um afloramento de rochas em que os diversos agentes de erosão levaram a formas muito estranhas e exóticas, para dizer o mínimo. Mas a minha fobia atacou de novo, pelo que acabámos por dar meia volta e regressar.
Foto que NÃO tirei do Torcal de Antequera.
O museu não nos impressionou por aí além. No entanto tem em exposição uma estátua de bronze - o efebo de Antequera - do séc. I do Império Romano, descoberta em 1955. Está em perfeito estado de conservação, faltando-lhe apenas o polegar da mão direita.
Experimentámos também a porra antequerana, uma espécie de gaspacho mas bastante mais espesso. Não fiquei fã, confesso.
Mas gostei muito de Antequera, apesar do porrazo.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
À venda na livraria Ler Devagar