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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
E como é tempo de começar, comecemos bem, comendo, bebendo e brincando (ai, ai), que é o que se leva desta vida.
Este Natal, mesmo não relatados, os repastos foram muitos e fartos, em quantidade e qualidade certificadas: rabanadas, filhós, azevias, aletria, sonhos, bacalhau com batatas, couves e grão, vinho tinto Cartuxa EA, licores dos mais finos da adega caseira, marca Dona Sofia & Companhia (marca reputada e habitual à mesa cá de casa). Não falo da calda maravilhosa que tentei repetir (para os sonhos), que desta vez ficou maravilho...samente espessa, impossibilitada de fluir e ensopar os ditos (esses sim, maravilhosos). O arroz de pato da Chefe Mais Sábia foi uma festa para os palatos mais exigentes. E esta Consoada teve um gosto muito especial, pois a família reuniu-se com os andarilhos pelo mundo de regresso a casa (ainda que momentaneamente para alguns), além de novos comensais, de paragens mais longínquas.
Mas isto é o preâmbulo para a descrição dos mimos que estão a ser preparados para degustar pela noite dentro e pela madrugada fora, em animação madura e contida mas não menos real. O Chefe prepara os Camarões à Tio Fausto (um must nestes réveillons), para além dos patés e dos queijos com as respectivas tostas e bolachas de água e sal, da salada de frutas especial (que chega, pelo menos, para 300 pessoas), da sempre eterna e omnipresente aletria, do vinho Chardonnay Borgonha Côtes D'Auxerre e do champanhe Veuve Émille, que nos acompanharão e ampliarão a alegria.
Com conversa, convívio e amizade, faremos figas e rogaremos uma praga à má sorte. António Costa será Primeiro-Ministro, António Guterres será Presidente da República, a Justiça será uma realidade e nós teremos confiança nela, os jovens começarão a ver uma luz ao fundo do túnel e a Europa regressará a si própria.
Que haja trabalho, música, poesia e romance e, mais importante que tudo isso, bom humor e disposição para esquecer os maus dias e aproveitar os bons. E como Carlos do Carmo foi agraciado com o Grammy latino, aqui deixo o Fado da Saudade cantado por ele, com letra de Fernando Pinto do Amaral e música de (envolto em polémica...), também agraciado com um Goya.
Fado da Saudade
Fernando Pinto do Amaral & Carlos do Carmo
Nasce o dia na cidade, que me encanta
Na minha velha Lisboa, de outra vida
E com um nó de saudade, na garganta
Escuto um fado que se entoa, à despedida
E com um nó de saudade, na garganta
Escuto um fado que se entoa, à despedida
Foi nas tabernas de Alfama, em hora triste
Que nasceu esta canção, o seu lamento
Na memória dos que vão, tal como o vento
O olhar de quem se ama e não desiste
Na memória dos que vão, tal como o vento
O olhar de quem se ama e não desiste
Quando brilha a antiga chama, ou sentimento
Oiço este mar que ressoa, enquanto canta
E da Bica à Madragoa, num momento
Volta sempre esta ansiedade, da partida
Nasce o dia na cidade, que me encanta
Na minha velha Lisboa, de outra vida
Quem vive só do passado, sem motivo
Fica preso a um destino, que o invade
Mas na alma deste fado, sempre vivo
Cresce um canto cristalino, sem idade
Mas na alma deste fado, sempre vivo
Cresce um canto cristalino, sem idade
É por isso que imagino, em liberdade
Uma gaivota que voa, renascida
E já nada me magoa, ou desencanta
Nas ruas desta cidade, amanhecida
Mas com um nó de saudade, na garganta
Escuto um fado que se entoa, à despedida
Bom Ano para todos!
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