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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
A diferença entre o despojamento, a generosidade e a integridade de Ramalho Eanes e os de outros candidatos, é que o primeiro não precisou de se adjectivar nem de proclamar os seus créditos de honestidade e seriedade, as suas qualidades de servidor público e amante da Pátria - isso foi a imagem com que o País ficou dele pela sua atitude a pela sua forma de fazer política.
A ambição em ser Presidente da República é legítima e pode ser a de qualquer um de nós que se sinta capaz e com vontade de exercer o cargo. A menção de Ramalho Eanes, porque é uma referência em Portugal, tem o perigo de ser interpretado como uma manobra de marketing algo desastrada e, parece-me, sem qualquer efeito nos cidadãos. Além disso, Eanes foi Presidente numa altura específica e especial, como esta agora também especial e específica é, não valendo a pena forçarem-se paralelos para empolgar os incréus.
A moralidade e a idoneidade fazem (ou não) parte de cada um e é com as suas características que cada candidato deve apresentar-se ao eleitorado, não com aquelas que pensa que serão mais aceitáveis. O carisma tem-se, não se pede emprestado.
Independentemente de não me rever nas candidaturas de Henrique Neto e de Sampaio da Nóvoa, ambos merecem o nosso respeito por terem clarificado as suas intenções e por se disponibilizarem para a corrida à Presidência. A democracia faz-se exactamente com alternativas e com coragem política. Aguardemos que outras personalidades sintam também esse apelo de cidadania, seja qual for o seu espaço político. É mais que tempo de se delinerarem as propostas para o novo ciclo político. Quanto mais cedo, melhor.
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