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If I can stop one heart from breaking,/ I shall not live in vain;/ If I can ease one life the aching,/ Or cool one pain,/ Or help one fainting robin/ Unto his nest again,/ I shall not live in vain. [Emily Dickinson]
À margem das disputas entre cartazes e debates, vou deixando passar o tempo, totalmente alheada da política. Quando ouço resultados de sondagens e opiniões argumentativas de comentadores, traçando cenários sobre o futuro, com previsões mais ou menos assumidas, consoante o pendor das suas crenças, pergunto-me o que de real haverá nestes resultados e nestas opiniões.
A descrença em qualquer informação que leia ou ouça nos jornais é tal que me vejo a duvidar dos dados do INE, das notícias sobre empresas e empresários, dos resultados de execuções da execução fiscal, das extraordinárias e voláteis promoções de pessoas aparentemente desconhecidas, das informações sopradas para os jornalistas que reproduzem de forma acéfala o que se planta nas redes sociais.
Qualquer raciocínio que faça sobre a actualidade está condenado a ser desmontado por dados que entretanto surgem do mesmo nada e que demonstram que os primeiros estavam errados, eram parciais ou, pura e simplesmente, tinham sido inventados.
Não podemos confiar nas informações divulgadas pelo jornalismo clássico. Com o espectro do anacronismo a assustar a classe, não há nenhum jornal que se queira distinguir pelo rigor, profundidade e variabilidade de assuntos e casos – resolveram copiar as linhas editoriais dos blogues, do facebook e das caixas de comentários, desistindo do cruzamento de fontes, investigação de factos, utilização de motores de pesquisa da internet, já para não falar na mais básica utilização do respectivo cérebro, o que se tornou numa raridade, nos tempos que correm.
Vogo por isso no mar da intranquilidade abúlica e enevoada, sem confiar em nada nem em ninguém. A sensação que tenho é há duas realidades – a da imensa maioria da população, que não ouve as notícias, não lê jornais e tenta sobreviver o melhor possível ao quotidiano, sofrendo as dores da pobreza, do miserabilismo, do desemprego, do contar do tostão, todos aqueles que ainda se não aperceberam da grande melhoria do estado do País, e a de um escasso grupo de pessoas, que se considera uma elite que se alimenta de si própria, inventando e confabulando sobre tudo e todos, convencida da sua razão de que a ela que se deve a interpretação da nossa sociedade.
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