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If I can stop one heart from breaking,/ I shall not live in vain;/ If I can ease one life the aching,/ Or cool one pain,/ Or help one fainting robin/ Unto his nest again,/ I shall not live in vain. [Emily Dickinson]
Acordei para a notícia da detenção de José Sócrates. Não percebi se tinha fugido à justiça ou se estava a fugir, se se tinha negado a prestar declarações, se tinha tentado matar ou morto alguém. Apenas que, com a SIC a filmar, tinha sido detido no aeroporto no âmbito de uma investigação que está em segredo de justiça. Como é habitual este segredo é apenas para gerir melhor o circo mediático e os alvos que vão sendo atingidos.
Tudo isto é assustador: se José Sócrates for considerado culpado dos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção, é mais um golpe na nossa confiança nos representantes políticos, mais uma machadada na imagem dos servidores públicos, mais uma acha para a fogueira do populismo e do advento do moralismo totalitário dos movimentos que estão a crescer por todo o lado; se esta investigação acabar como a da Casa Pia e semelhantes, é mais uma demonstração da judicialização da política e do poder absolutista que vão tendo os Juízes, modelando a opinião pública através destas investigações que não condenam mas, sobretudo, não absolvem.
Vivemos em tempos em que não nos sentimos protegidos por este poder judicial - e isso é terrível. Por muito que se repita que até prova em contrário as pessoas são inocentes, é impossível apagar as suspeitas. E é por isso e para isso que estes circos se montam.
Continuo a pensar que José Sócrates foi um dos melhores Primeiros-ministros que tivemos na era democrática. Quero muito acreditar nas pessoas, e preciso muito de acreditar nas Instituições. Cada vez mais estas duas crenças são mutuamente exclusivas.
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