Da nova oposição
Não basta que as sondagens demonstrem que há um novo caminho a percorrer e que há urgência e ânsia pelo início desse caminho. António Costa tem carisma e é, neste momento, o líder incontestado do maior partido da oposição. Porque temos de novo oposição.
Independentemente da construção de plataformas de entendimento com outros partidos que aceitem sem reservas a democracia, é muitíssimo importante que o PS ambicione e construa uma maioria absoluta para uma alternativa sólida de governo. A situação do país e da Europa é demasiado grave para que a base eleitoral do próximo governo não resulte de um largo consenso em relação a áreas chave da nossa vida comum.
Não é de pactos de regime, consensos ou reflexões urgentes que precisamos mas sim da afirmação de políticas sérias e que tenham como objectivo repor o primado do bem estar dos cidadãos e do serviço público, do reconhecimento que Portugal não pode aceitar ser minimizado na sua soberania e na sua independência perante a centralização do poder cada vez menos democrático da Europa.
Não há que ter medo de enfrentar os assuntos, sejam eles quais forem. Os compromissos internacionais para com os credores devem ser cumpridos de forma a parar com a delapidação da sociedade livre, solidária e democrática a que temos assistido nos últimos anos.
Os fenómenos populistas tendem a ocupar o vazio em tempos de descrédito, insegurança e pobreza. É preciso inverter a queda para o abismo. Temos condições para lutar - renovação dos princípios e valores, realinhamento do que de essencial é preciso preservar; mobilização de vontades e de esperanças - é possível mudar.