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Da (falta de) informação

por Sofia Loureiro dos Santos, em 03.09.14

A descredibilização da informação institucionalizada, tal como nos habituámos a concebê-la – jornais, rádio e televisão – é gravíssima. Qualquer notícia sistematicamente divulgada levanta de imediato suspeitas de manipulação. Isto vem a propósito da barragem mediática a que temos assistido em relação à TAP. Desde há uma ou duas semanas que todos os dias nos aparecem avarias, falhas, atrasos, problemas com os aviões, com os pilotos, com os sindicatos, enfim, repentinamente a TAP passou a ter um holofote noticioso diário, para reportar problemas aparentemente graves.

 

Mas em nenhuma das notícias é abordada a razão deste contínuo fluxo noticioso – aumentaram as avarias em relação às semanas anteriores? Houve alguma mudança nos critérios de avaliação da segurança? Quais os níveis de segurança da TAP? Em termos absolutos e em termos relativos (outras companhias de aviação europeias), como está avaliada a TAP nos vários rankings existentes? Porque problemas técnicos devem existir centenas por dia, na TAP e em qualquer companhia aérea. Não é isso que é preocupante mas a tipologia dos problemas, a forma e brevidade com que são resolvidos e os procedimentos de manutenção/ prevenção dos mesmos. Por outro lado a próxima privatização da TAP não deverá ser alheia a esta avalanche de problemas, cujo objectivo parece ser a desvalorização da companhia aérea para que os investidores privados tenham menos despesas.

 

A abordagem jornalística a que temos tido acesso não esclarece nenhuma dúvida e apenas instala a suspeição e a insegurança. Se é por incompetência ou por manipulação não sei, mas qualquer das hipóteses é muito degradante. A qualidade da informação é central no funcionamento de uma sociedade. Neste momento há outras fontes de informação e qualquer de nós se pode arrogar o privilégio de ser o seu próprio jornalista. Mas não só o conhecimento da profissão é nulo como as próprias fontes também não têm credibilidade assegurada, pelo que o trabalho jornalístico clássico ainda não tem substituição válida.

 

A cada vez maior dificuldade na afirmação dos vários jornais não será apenas fruto da crescente utilização da internet e das tecnologias de informação, mas também da enorme falta de qualidade da maioria deles. A valorização dos títulos bombásticos é preferível à veracidade dos mesmos, à verificação das fontes, ao cruzamento de dados, à investigação e estudo das matérias. Por isso a substituição da direcção do Diário de Notícias, um jornal centenário que se deveria orgulhar dos seus cabelos brancos e pugnar pela fidelização dos leitores, pode ser um sinal de esperança. Veremos se temos alguma razão para festejar.

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publicado às 10:38


2 comentários

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De A.Teixeira a 03.09.2014 às 12:47

Ao invés do avião que se atrasou e do parafuso que se soltou, a respeito da TAP e do seu futuro um jornalista competente poderia explorar o conteúdo desta entrevista dada por Miguel Paes do Amaral há pouco mais de um mês http :/ www.dinheirovivo.pt /Empresas/interior.aspx?content_id=4047017).

Sabe-se como Paes do Amaral é um daqueles artolas que fala mesmo quando não deve http ://herdeirodeaecio.blogspot.pt/2006/03/saber-estar-no-seu-lugar-esta-uma.html), a quem Marcelo Rebelo de Sousa pregou aliás a partida de o expor ao trocar a TVI pela RTP em 2004 http ://www.dn.pt/inicio/tv/interior.aspx?content_id=1352379&seccao=Media)

Mas isso não invalida que valha a pena investigar quem é Frank Lorenzo, o parceiro que Paes do Amaral elege como seu associado – o único que identifica – no negócio da futura aquisição da TAP. É fácil: é um nome que até está na wikipedia http ://en.wikipedia.org/wiki/Frank_Lorenzo). Aquilo que se lá lê é prometedor. A partir daí há que investigar. Tem é que se trabalhar… http ://topics.nytimes.com/top/reference/timestopics/people/l/frank_lorenzo/index.html)
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De ACÁCIO LIMA a 03.09.2014 às 13:40

Esta série de "notícias" - grifado- sobre a TAP, não pode deixar de ser lida como uma campanha organizada, preparando a opinião pública, para aceitar a privatização da companhia.

Mas vai mais longe, serve também, os interesses dos potenciais compradores- nomeadamente Pais do Amaral, pois favorece a formação de um preço de transacção baixo.

Boa Tarde.
Cordiais, Amistosas e Afáveis Saudações

ACÁCIO LIMA

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