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If I can stop one heart from breaking,/ I shall not live in vain;/ If I can ease one life the aching,/ Or cool one pain,/ Or help one fainting robin/ Unto his nest again,/ I shall not live in vain. [Emily Dickinson]
Estamos inundados de culpa e moralismo. Os políticos não defendem ideias mas afirmam as suas qualidades morais de honestidade e seriedade, independentemente do ridículo e da hipocrisia reinantes. Refaz-se a História à luz dos moralismos actuais, com uma interpretação de factos e acontecimentos numa sociedade que já não tem nada a ver com a sociedade em que ocorreram. A moda e o politicamente correcto da assunção de culpa e dos pedidos públicos de desculpas destrói a discussão dos verdadeiros problemas para ir entretendo e distraindo as pessoas com a intoxicação do bem e do mal.
Em vez de se discutir o emprego e o desemprego discutem-se cartazes de propaganda política, apenas do PS, claro, que os outros não têm mácula. Transforma-se aquilo que devia ser uma troca de ideias numa batalha de banalidades, numa tralha infame de palavras e pseudo sentimentos sem qualquer interesse ou sustentação.
O que mais me preocupa é que a esquerda, que tanto se apregoa de esquerda e dos valores da liberdade e da lei, foram e estão submersos por esta estranha amálgama de mediocridade, deixaram-se arrastar para o lodo e vão-se afundando. As máquinas de propaganda estão desligadas daquilo que verdadeiramente envolve e motiva o voto dos cidadãos.
Ao contrário de Viriato Soromenho Marques não me parece que o PS tenha que pedir desculpas ou assumir responsabilidades da Troika ou de políticas que vêm desde Cavaco Silva. Essas responsabilidades são assumidas e são julgadas politicamente pelos eleitorados aquando das eleições legislativas. O problema da justiça em Portugal vai muito para além de Sócrates e Sócrates é apenas um exemplo.
A angústia que permanece, com a consequente desertificação da mobilização eleitoral, é a falta de clareza e a coragem de assumir riscos - falar de inconveniências que podem levar à vitória ou à derrota eleitoral - o PS fez coisas erradas e certas ao longo da sua História. A direita conseguiu empurrar o PS para o canto da defesa permanente, não tendo este sido capaz de explicar as vitórias e de explorar as desastrosas políticas da direita. Na verdade o PS tem o caminho totalmente minado pela manipulação informativa. Mas o PS tem que marcar a agenda política e ter a coragem de falar de tudo o que for preciso, sem complexos de culpa, não aceitando a política do genuflexório, confissão e penitência perpétuos.
Que voltem os valores republicanos e da liberdade para que termine este deprimente retrocesso civilizacional.
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