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Clarificações

por Sofia Loureiro dos Santos, em 08.11.15

As alterações políticas a que assistimos desde 4 de Outubro fazem com que me sinta em grande confusão ideológica, pois queria muito uma alteração governativa com a inexorável derrota da política destes últimos 4 anos, e senti-me espantada e esperançosa com a hipótese de poder realizar este desejo.

 

Mas é bom que nos recentremos e nos distanciemos desses desejos e vontades, para que o realismo e o pragmatismo imperem:

  1. António Costa foi eleito Secretário Geral do PS, em substituição de António José Seguro porque, com ele, o PS teria assegurada uma estrondoso vitória eleitoral.
  2. António Costa apresentou-se a eleições como candidato a Primeiro-ministro, ambicionando uma maioria absoluta para governar. Sempre defendeu entendimentos com os partidos à sua esquerda e afirmou por diversas vezes a quase impossibilidade de acordos com a direita.
  3. António Costa perdeu as eleições por uma margem bastante clara.

 

Nada disto impede nem retira legitimidade democrática à alternativa de um governo com apoio parlamentar dos partidos à esquerda do PS. Mas a legitimidade política de António Costa para liderar esta solução é fraca, tenho que o admitir.

 

António Costa não procurou o reforço da sua legitimidade política propondo um congresso extraordinário e perguntando a opinião dos militantes e simpatizantes do PS - os mesmos que o elegeram para candidato a Primeiro-ministro. Por isso, por muito que me agrade a hipótese de um governo de esquerda, por muito que repita a mim própria que nestas eleições se escolhem deputados e não primeiro-ministros, por muito que eu saiba que a soma dos deputados de esquerda é superior à soma dos deputados de direita, não deixo de pensar que esta solução precisa de ser sufragada pelos cidadãos.

 

Sendo assim, acho que Cavaco Silva deverá dar posse a António Costa e que o próximo (ou próxima) Presidente da República deverá convocar eleições antecipadas de forma a clarificar qual a solução governativa que os cidadãos querem: uma coligação de direita, uma coligação de esquerda ou um governo minoritário com apoios parlamentares à medida das necessidades.

 

Na verdade não me sinto confortável com um governo liderado por um PS que, até há bem poucas semanas, declarava, e com razão, que a única forma de garantir um governo de esquerda era tendo uma maioria absoluta; e também com partidos que, até há bem poucas semanas, juravam que o PS era semelhante à direita.

 

Os pragmatismos podem ser invocados em todas as circunstâncias e podem ser argumento para opiniões simétricas e contrárias. O PCP mudou e abriu esta brecha - o povo deve confirmar que é esta a sua opção, com António Costa à frente de uma coligação de governo ou parlamentar.

 

Por muito que rejubile com um governo liderado pelo PS toda eu clamo por um governo com estes partidos e com ideias a ganharem eleições.

 

Nota: acabo de ouvir Jerónimo de Sousa dizer que o PCP aprova o acordo com o PS. Este é, de facto, um tempo histórico, seja o que for que vá acontecer daqui para a frente. O próximo acto será protagonizado pelo Presidente Cavaco Silva.

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publicado às 18:47


2 comentários

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De sivispacem a 09.11.2015 às 01:50

"Ainda não o disseram três doutores" ( "vox populi"...) Falta uma minudência : REJEITAR,"de factu" o programa do governo do PSD / CDS,com a consequente...queda... E,para tal,é preciso que TODA a esquerda apoie uma das moções de rejeição...Pode haver surpresas...
Claro que os 7 do PS que votaram CONTRA ontem,ou anteontem,e os 2 que se abstiveram serão INTIMIDADOS pela "muralha de aço" da CGTP que vai cercar a AR no dia da votação...( E "não estamos no PREC...")
Cumprimentos,"kyaskyas"
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De sivispacem a 09.11.2015 às 09:51

Comentei o seu "post" seguinte.Esqueci-me de apoiar este,("Lapsus calami"...)
Assino por baixo.
Cumprimentos,"kyaskyas"

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