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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
(...) As escolas abrem sem professores, os hospitais não conseguem responder ao aumento da procura, as entidades públicas não conseguem atrair nem reter quadros qualificados devido aos baixos salários que oferecem, os jovens não conseguem viver nas grandes cidades, os estudantes deslocados e/ou de baixos rendimentos não suportam os custos de frequência do ensino superior, os transportes públicos falham diariamente por avarias e falta de material e o investimento público está há uma década em níveis historicamente baixos. Apesar disto tudo, é com regozijo que nos anunciam que o Estado poupa mais do que promete. (...)
(...) Se em vez dos 0,4% alcançados em 2022 o Governo tivesse reduzido o défice para 0,9% do PIB – um valor, em qualquer modo, muito abaixo da meta estabelecida no OE (1,9%) –, teria libertado para a economia e para a sociedade cerca de 1,2 mil milhões de euros. Uma verba adicional destas daria, por exemplo, para aumentar o investimento em 500 milhões (ficando ainda assim abaixo do orçamentado), aumentar os salários da função pública em 1,9% (em vez de apenas 0,9%, muito abaixo da inflação registada), mais do que duplicar as verbas da acção social escolar do ensino superior, reintroduzir os estágios remunerados para novos professores dos ensinos básico e secundário (que em tempos ajudavam a atrair recém-licenciados para a profissão) e ainda reservar 300 milhões de euros para recuperar cirurgias em atraso no SNS. (...)
Ricardo Paes Mamede, Público, 25/09/2023
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