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A nova maioria

por Sofia Loureiro dos Santos, em 21.01.17

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A Geringonça foi uma tal lufada de ar fresco e tão surpreendente que todos pudemos respirar fundo durante o ano anterior. As expectativas eram tão baixas que a solução se revelou melhor do que alguém se atrevia a desejar. A transformação dos partidos de protesto em partidos que suportavam uma solução governativa abriu a esperança de uma responsabilidade à esquerda a que não estávamos habituados. Catarina Martins e Jerónimo de Sousa foram protagonistas dessa mudança, tal como António Costa e todos os que, diariamente, trabalharam para manter o governo a funcionar, para devolver algum do rendimento perdido aos cidadãos, algum do optimismo do Primeiro-ministro e alguma da energia do Presidente da República.

 

Infelizmente parece que o BE e o PCP se inebriaram com o êxito do primeiro ano da Geringonça. A forma como, no Parlamento, se vão aliar à direita para destronar o que foi conseguido na Concertação Social, por muito que seja coerente com as suas posições, é uma machadada na estabilidade governativa. E se à manutenção das parcerias público-privadas (PPP) na saúde quiserem fazer o mesmo, então serão os coveiros da tão refrescante e promissora governação de esquerda.

 

Só por ignorância e/ ou preconceito se pode afirmar que as PPP na saúde não acautelam o SNS e o Estado. Os Hospitais em PPP são os melhores classificados nas várias avaliações comparativas que se vão fazendo e há relatórios que provam que o Estado lucra com essas parcerias.

 

Não ponho em causa a renegociação das mesmas, o apertado controlo efectuado pelo Estado, os contratos e as obrigações a que devem estar sujeitas. O que ponho em causa é a cegueira que o BE e o PCP mostram em teimar em ir queimando o governo em fogo lento, não se inibindo nem envergonhando de servir a estratégia da direita, além de ser objectivamente um erro na gestão do serviço público de saúde.

 

Espero bem que entendam o que estão a fazer e os riscos que todos corremos.

 

Quanto à posição/ oposição do PSD, é difícil qualificá-la. O oportunismo, a incoerência, o tacticismo, a baixa política é tal, que me causa urticária. A falta de sentido do que é servir os cidadãos, o vazio e a mesquinhez afastam a população dos seus representantes. Este é um excelente exemplo do que nunca se deveria fazer.

 

Declaração de interesses: trabalho no Hospital Vila Franca de Xira - uma PPP da José de Mello Saúde.

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publicado às 18:09


2 comentários

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De Jaime Santos a 21.01.2017 às 23:59

Há, infelizmente na minha opinião, um ponto em que os Partidos à esquerda do PS se mantém ainda iguais a si mesmos. A defesa de princípios programáticos particulares toma prioridade à estabilidade governativa e económica. A não ser que eles acreditem nas 'perspetivas revolucionárias' de que falava Jerónimo de Sousa no último congresso do PCP, então penso que não desejam de todo que o País não esteja melhor preparado para enfrentar uma nova crise económica e financeira que pode chegar mais cedo do que se pensa, por via da instabilidade política na Europa ou nos EUA. Ora, isso implica dar margem ao Governo para resolver antes de tudo o mais grave dos problemas, isto é, o do setor bancário. A questão é se estes Partidos conseguem resistir à tentação de marcar golos na própria baliza só para consumo dos seus militantes e eleitores, ou se dispõem de uma visão mais estratégica, que pode implicar aceitar soluções que sejam para eles menos do que ideais.
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De Sofia Loureiro dos Santos a 22.01.2017 às 12:57

Infelizmente não me parece ser apenas esse o ponto, embora seja muito importante, decisivo mesmo.

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