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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Os acontecimentos da última semana em Portugal, em que um Parlamento eleito há cerca de 1 ano, com uma maioria absoluta que suporta um governo, é dissolvido por causa da queda do mesmo, são muito preocupantes.
António Costa pede a demissão após as diligências resultantes de investigações a membros do seu governo, envolvidos em supostos casos de corrupção, assim como a existência de suspeitas relativas ao seu próprio comportamento, por ter sido mencionado em escutas telefónicas.
O Presidente aceita a demissão, resolve dissolver a Assembleia da República e marcar novas eleições, mantendo o governo e o Primeiro-ministro em funções, até à aprovação do OE para 2024.
Era mesmo necessário que fosse António Costa a assegurar o governo, já demitido? Não seria possível a Ministra Mariana Vieira da Silva, Ministra da Presidência, ou qualquer outro dos Ministros, assumir o governo até às eleições?
O comportamento e a morosidade da Justiça em todo o nosso período democrático não é de molde a tranquilizar ninguém. Seja qual for o desfecho, o facto é que houve uma intervenção da Justiça no normal funcionamento das Instituições.
Não havia alternativa às eleições antecipadas. Resta-nos esta esperança: a democracia encontrará um caminho (*).
(*) Life finds a way
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