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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Estou a ouvir a conferência de imprensa com a Directora Geral de Saúde - Graça Freitas - e com a Ministra da Saúde - Marta Temido. Tal como eu, todo o país tem tido os olhos postos nestas duas mulheres.
Felizmente. Serenas, rigorosas, respondem calmamente às perguntas e vão dando conselhos e dicas para que possamos guiar-nos no meio da floresta de desinformação e ruído criminosos que ecoam por toda a parte. Este é um tempo de responsabilidade, dos nossos dirigentes políticos e nossa. Todos temos que estar à altura da situação.
Neste momento o mais importante é conseguirmos acalmar os nossos medos e ansiedades e destrinçar, de entre o emaranhado de notícias que nos chegam pelo facebook, pelo whatsApp, por email, pelo telefone, através de alguém que é amigo e ouviu de um amigo de outro amigo, as histórias mais descabeladas e disparatadas. Há de tudo, desde artigos científicos a demonstrar que os anti-inflamatórios como o ibuprofeno pioram a infecção, até às gravações de telefonemas de supostos médicos a dizerem que há milhares de infectados e de mortos.
Temos que ter confiança nas entidades de Saúde, nacionais e internacionais, cruzar informação, procurar em sites fidedignos como o da DGS, OMS, da ECDC, da CDC, etc. E se não tivermos a certeza perguntar e tentar esclarecer a veracidade antes de divulgar.
E temos que viver segundo os nossos valores universais de solidariedade e de compromisso com o outro, com o próximo, com os nossos próximos - pais, mães, filhos, amigos, vizinhos, conhecidos. Ajudar no que pudermos como ir ao supermercado ou à farmácia, esclarecermos o que soubermos, uma e outra e ainda outra vez, cumprirmos rigorosamente os preceitos da higiene e prevenção e não entrar em pânico.
Não invadir nem sobrecarregar os serviços de saúde, sempre, mas agora mais que nunca, é imperativo e decisivo. Não ir aos hospitais, às urgências, aos centros de saúde, a não ser que seja absolutamente indispensável. Temos que nos manter em casa e tratarmos o que pode ser tratado, recorrer à linha de apoio SNS24 - 808 24 24 24, aos nossos médicos, mas não inundar os serviços de saúde com o que se pode resolver de outra forma.
Temos tido uma liderança forte e serena - um Presidente como Marcelo Rebelo de Sousa, um Primeiro-ministro como António Costa, as duas mulheres que já referi. Temos um SNS público com gente competente, generosa e motivada, uma Segurança Social que nos pode apoiar. No meio deste enorme problema, temos motivos para confiar. As medidas estão a surgir, de forma proporcional às necessidades. Se tiverem que ser mais restritivas, não tenho dúvidas que serão tomadas.
A comunicação social é crucial. Se há uma oportunidade de o jornalismo recuperar credibilidade e importância (que nunca deixou de ter) é esta, desde que sejam, de facto, o paradigma do rigor e da informação, onde poderemos esclarecer as nossas dúvidas e acalmar os nossos receios. Também a eles se exige um enorme sentido de responsabilidade.
E vamos manter o país a funcionar. Depende de nós. E nós estaremos à altura.
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