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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
"(....) Mas a triste sorte de Ihor Homeniuk não mereceu até agora nem a indignação geral nem sequer o interesse específico da Provedora de Justiça, que tanto tem denunciado as condições inaceitáveis dos CIT, aos quais chamou "terras de ninguém" e espaços de "não direito". Não mereceu a exigência de que o SEF seja mudado de cima a baixo - ou extinto. Não mereceu praticamente nada a não ser a obsessão de poucos jornalistas, entre os quais me incluo.
E no entanto pouco houve nos últimos anos que merecesse mais o nosso clamor. Porque se é isto uma polícia portuguesa do século XXI, se é assim que tratamos pessoas completamente desprotegidas, que país somos? Se não chega a diretora do SEF assumir que um homem foi torturado sob a sua guarda, a do Estado português - a nossa - para que lhe indemnizem a família, que falta? Que nos falta?"
É uma vergonha colectiva. Com raras excepções, como a de Fernanda Câncio (21/11/2020), calamos um inqualificável e gravíssimo atropelo a tudo o que tem a ver com leis, Direitos Humanos, decência.
Nem Cristina Gatões, nem Eduardo Cabrita, nem António Costa, em Marcelo Rebelo de Sousa, nem nós, cidadãos, que tantas indignações diárias temos por ninharias e tanto nos calamos por aquilo que de facto importa.

Marcelo Rebelo de Sousa, fala, fala e fala demais, dizendo o que não devia, metendo-se onde não deve meter-se. A DGS não tem que ser politizada e Marcelo sabe muito bem disso, ou deveria saber.
Por outro lado, se a DGS não tinha que divulgar as orientações em relação à festa do Avante (e, de facto, quem deveria divulgá-las seria o próprio PCP), o governo não tinha que a desautorizar, correndo atrás de Marcelo e de Rui Rio. O populismo a ser o norte e o sul da política portuguesa.
Tanta trapalhada!
Começo a pensar que é mesmo importante que Ana Gomes avance para a Presidência.
Estou de acordo com todos os que se opõem à redução dos debates parlamentares quinzenais, em que o Primeiro-ministro e o governo são confrontados com o escrutínio Parlamentar.
O trabalho do Parlamento é legislar e escrutinar a actuação do governo. Um dos trabalhos do Primeiro-ministro é responder aos parlamentares. Este tique autoritário de deixem-no e deixem-me trabalhar é uma submissão ao populismo, muitas vezes denegrido mas abraçado nestes gestos que são bastante significativos do que se pensa da actividade dos deputados.

Não sei se é por ignorância: só há UMA Ordem dos Médicos, que tem órgãos representativos regionais - a Secção Regional do Norte, a Secção Regional do Centro e a Secção Regional do Sul, cada uma com o seu Presidente, ou por não saber expressar-se por escrito. Para a jornalista Rita Rato Nunes o Presidente da Ordem dos Médicos do Sul (Alexandre Valentim Lourenço) fez declarações retumbantes, pelo que é preciso dar-lhes o devido realce, mesmo dando-lhe uma função inexistente.
Mas o mais cómico, ou dramático, é que esta asneira foi replicada por variados meios de comunicação que, de forma acéfala e sem qualquer juízo crítico, propagam disparates com o maior desplante. Mas incompetentes são os ministros novatos e titubeantes.

Vale a pena ler esta notícia, escrita por João Pedro Henriques, na sua qualidade de jornalista e não na de opinador.
Começa logo pelo título: A entrada de Leão: retórica hesitante mas os truques de sempre.
Portanto o novo ministro das Finanças está a ser avaliado pelo jornalista – esteve hesitante. Quanto aos truques de sempre já todos sabemos que os políticos são uns aldrabões, e pretendem enganar-nos com truques, mas ainda por cima são pouco espertos, porque recorrem aos de sempre. E o Sr. Jornalista, já rodado nestas coisas de ministros e truques, fareja-os à distância.
Depois continua a notícia - ele é novato e titubeante, sempre ao lado do Primeiro-ministro (pois estaríamos à espera de que estivesse ao lado de quem?), usando as armas dos socialistas (o ataque é a melhor defesa), ele explica como se fosse o elemento de um júri o resultado do exame de um aluno particularmente mal dotado.
É tal a arrogância, a pesporrência, o desprezo e a deselegância que dói ver o DN a abraçar o estilo dominante e modernaço dos pseudojornalistas que pensam que quem os lê está interessado em saber a sua opinião.

Na sua estreia parlamentar, em 2015, Mário Centeno foi gozado pela direita. O País ainda estava perplexo com a reviravolta pós-eleitoral, uns esperançosos outros raivosos. O ministro das Finanças era uma pedra chave da Geringonça e, depois de Vítor Gaspar, ter um Ministro peculiar que se estreava na política levantava muitas dúvidas e muitos receios. Sei que foi o que aconteceu comigo.
E no entanto, ano após ano, Mário Centeno foi acertando as contas e cumprindo promessas e previsões, muitas vezes incompreendido mas com os melhores resultados de sempre. Foram cerca de 6 anos memoráveis.
Esperemos que a sua saída não faça regressar o descrédito dos cidadãos no governo. A tarefa do seu sucessor é hercúlea e não há ninguém insubstituível. Mas Mário Centeno merece os nossos agradecimentos e aplausos.
Aguaremos os próximos tempos.

Catarina Martins sabia que, sem o PCP, o PS não teria condições para assinar um acordo de legislatura com o BE.
O PCP terá que digerir a pesada derrota eleitoral e não faltarão vozes a ligá-la à sua participação na Geringonça. Não é essa a minha interpretação, pois acho que o PCP está a percorrer o caminho inexorável de um partido que assenta naquilo que já não existe.
As circunstâncias de 2015 mudaram e são totalmente diferentes. Uma coisa é certa - a solução governativa anterior foi sufragada pelo povo - a mudança na continuidade. Seja Geringonça, Caranguejola, Traquitana ou Carripana, o PS tem mandato para se entender com o BE e o PCP (e o Livre e até o PAN). Espero que todos cumpram a vontade eleitoral.

O povo quer uma nova Geringonça. Não sei se vai ser mais fácil do que em 2015, mas António Costa já nos habituou à sua habilidade política.
Mas o PS tem que olhar bem para dentro de si quando a análise dos votantes mostra que o voto no PS está envelhecido e é de gente pouco qualificada.
Os jovens qualificados têm empregos precários e mal pagos, não conseguem resolver o problema da habitação e não conseguem levar uma vida independente, com qualidade. Os jovens em Portugal revêm-se cada vez menos nas propostas do PS.
O PSD e o CDS tiveram uma pesada derrota. Acho que Rui Rio ainda não percebeu.
A abstenção mantém-se e é muito preocupante, tal como a entrada da extrema-direita no Parlamento.
Tempos complicados se avizinham.

A menos de 1 mês das eleições legislativas, todos os esforços devem ser dirigidos ao combate à abstenção. Não há sondagens que resistam à contagem dos votos.
Os debates e as entrevistas têm corrido com civilidade e bonomia o que, quanto a mim, é uma bênção. Mas ainda faltam muitos dias de campanha, de redes sociais e directos pelas televisões, a chamarem sound bites, pelo que não me engano com tão bons augúrios.
A novidade destas eleições são o PAN, levado ao colo pelos media, e o PSD, vilipendiado pelos mesmos media. A verdade é que ninguém tem paciência para ler programas e vale a pena ir lendo o do PAN, que tem tiques de autoritarismo, como todos os que se acham iluminados e donos da verdade, e que se esquece de tantas áreas importantes da governação e da sociedade.
O BE tenta o impossível para crescer, principalmente à custa do PS. A demagogia e o oportunismo político do BE está bem patente na guerra às PPP e nas promessas de nacionalização de tudo o que mexe. Mais tiques de autoritarismo.
Habituámo-nos a pensar que a uniformização era a chave para maior rigor e maior eficiência. Cada vez estou mais em desacordo. As experiências diversas na saúde, na educação, em todas as áreas da sociedade deveriam ser avaliadas individualmente e acarinhadas, caso os resultados fossem positivos. Fala-se muito da satisfação das pessoas mas não se respeitam as suas necessidades e não se aplaudem as iniciativas que vão de encontro a essas mesmas necessidades.
Espero mais manipulação, desinformação e títulos tremendistas nas próximas semanas. É preciso não esmorecer e duvidar de tudo o que se lê e ouve. E depois escolher e ir votar. Votar é o mais importante de tudo. A decisão é sempre nossa.
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