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Das patrulhas dos camaradas

por Sofia Loureiro dos Santos, em 15.06.13

 

 

Se o meu objectivo fosse ter muitos comentários aos posts que vou escrevendo, bastava fazer uma qualquer referência semanal que beliscasse a FENPROF, para que que as patrulhas dos camaradas me mimoseassem com os seus insultos. Assim tenho esse privilégio só de vez em quando.

 

Para que fique bem claro e explícito:

  1. Este governo é o governo pior que alguma vez me lembro de ter havido, após o 25 de Abril.
  2. A maioria que nos governa, para além de tentar implementar a sua ideologia que nem sei bem classificar, fá-lo de uma forma totalmente incompetente.
  3. Como já muitas pessoas vão reconhecendo publicamente, houve um assalto ao poder em 2010/2011, com uma total manipulação da população protagonizada, entre outros, pelos partidos da oposição da altura, nomeadamente do PSD, do CDS, do PCP e do BE, que se aliaram para derrubar o governo minoritário do PS, cavalgando as ondas de descontentamento dos cidadãos, mentindo antes e durante a campanha eleitoral, como se prova pelo que têm feito desde então.
  4. A maioria dos sindicatos afectos à CGTP-in, entre os quais a FENPROF (federação de sindicatos), e que é uma correia de transmissão do PCP servindo a sua estratégia política, contribuíram decisivamente para a tomada do poder pela direita conservadora.
  5. Durante os dois governos anteriores, os representantes dos professores em geral e a FENPROF em particular, opuseram-se a tudo o que mudava a cultura de mediocridade, de facilitismo, recusando alguma meritocracia que se tentava implementar. Da fusão de escolas sem condições para os alunos, às aulas de substituição, passando pela avaliação de desempenho, nada escapou aos gritos de destruição da escola pública e de ataque aos indefesos professores.
  6. As alterações aos horários da função pública (que constam do orçamento rectificativo), de 35 para 40h semanais, correspondem a uma redução salarial de 12,5%, o que é totalmente inaceitável – não o aumento do horário de trabalho, mas a redução da remuneração decidida unilateralmente pelo governo, aliás como as reduções anteriores.
  7. O regime de mobilidade é, obviamente, uma forma de despedir funcionários públicos e o chamar-lhe requalificação é uma desvergonha inqualificável
  8. A razão para aumentar o horário de trabalho não é melhorar a eficiência e o atendimento aos cidadãos, é despedir pessoas – uma das gorduras do estado.
  9. Estas medidas não são específicas para os professores.
  10. Em 2005 foi convocada uma greve aos exames, tendo o governo da altura requerido que se decretassem serviços mínimos, em defesa dos alunos e das suas famílias, o que foi legalmente aceite.
  11. Desta vez, e mais uma vez, a FENPROF convoca uma greve aos exames nacionais, num braço de ferro com o governo, que este não pode aceitar, sob pena de continuar refém de uma das mais poderosas corporações existentes.
  12. Mário Nogueira, como líder da FENPROF, foi e é o protagonista destas posições, pelo que é nessa qualidade que o critico.
  13. Penso que este tipo de ações, de que a grave aos exames é um exemplo, descredibiliza a actuação e o papel dos sindicatos, contribuindo para a irrelevância dos protestos dos trabalhadores, sejam eles professores ou outros.
  14. Quando tanto se fala no divórcio entre os cidadãos e os políticos, convinha que os dirigentes dos sindicatos ponderassem o papel que tiveram e têm na descrença que alastra na sociedade, e na desesperança e alheamento em que nos refugiamos.
  15. O facto de a greve ser legítima não me faz concordar com ela. O facto da Colégio Arbitral ter decidido que não havia serviços mínimos não me obriga a concordar com ela. O facto de o Tribunal Central Administrativo do Sul ter considerado ser este um assunto não urgente é, para mim, incompreensível.
  16. Muito me penaliza não ouvir o PS a condenar esta greve e a ler opiniões de muitos quantos defenderam, e bem, Maria de Lurdes Rodrigues, numa situação idêntica à de agora. Os fins não justificam os meios.

 

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publicado às 13:14


13 comentários

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De Fernando Martins a 16.06.2013 às 17:11

Permita-me que, sendo professor não sindicalizado (e que não gosta do senhor de bigode), discorde de algumas coisas que aqui disse:

"1. Este governo é o governo pior que alguma vez me lembro de ter havido, após o 25 de Abril." Este é o governo possível, após a Festa que os dois últimos governos do PS fizeram e o acordo, assinado pelo PS, PSD e CDS, fizeram com o FMI, UE e Troika. Fizeram e fazem muitas coisas mal, mas, comparados com os "negócios" de Sócrates, são uns anjinhos.

"3. Como já muitas pessoas vão reconhecendo publicamente, houve um assalto ao poder em 2010/2011, com uma total manipulação da população protagonizada, entre outros, pelos partidos da oposição da altura" Não se está a esquecer de que os banqueiros se recusaram a comprar mais dívida pública e de que os Ministros do PS (incluindo um tal de Teixeira dos Santos) que forçaram Sócrates a pedir ajuda, porque o dinheiro já não chegava para pagar as contas do mês seguinte?

"4. A maioria dos sindicatos afectos à CGTP-in, entre os quais a FENPROF (...) , contribuíram decisivamente para a tomada do poder pela direita conservadora"
O quê, os comunistas votaram no PSD e no CDS - fantástico, Mike...!

"5. Durante os dois governos anteriores, os representantes dos professores em geral e a FENPROF em particular, opuseram-se a tudo o que mudava a cultura de mediocridade, de facilitismo, recusando alguma meritocracia que se tentava implementar. Da fusão de escolas sem condições para os alunos, às aulas de substituição, passando pela avaliação de desempenho, nada escapou aos gritos de destruição da escola pública e de ataque aos indefesos professores."

A fusão da Escolas é uma m... e só dá problemas disciplinares e falta de acompanhamento de alunos nas Escolas sem direção.
As aulas de substituição eram uma fraude e não serviam para nada, nos moldes em que MLR as determinou.
A avaliação de desempenho está agora, depois de melhorada, a funcionar, com a ação da substituta de MLR e de Crato, embora NUNCA mais os professores venham a mudar de escalão.
Nada escapou aos gritos de destruição da escola pública (com uma Ministra que insulta e desautorizado os professores como a Milu, o que é que queria?)
O ataque aos indefesos professores passou por mais burocracia estúpida (a Direção da minha Escola passa 70% do seu tempo a fazer papeis pedidos pelo MEC) por mais horas de trabalho e perda de salário e de insultos constantes ao grupo (lembra-se do Albino, da CONFAP, pago a peso de ouro pela Milu?).

"6. As alterações aos horários da função pública (que constam do orçamento rectificativo), de 35 para 40h semanais, correspondem a uma redução salarial de 12,5%, o que é totalmente inaceitável"
Eu, como professor, aceito um horário de 45 horas, pois trabalho mais que isso por semana, em média, e até aceito as perdas de salário... O resto é que me custa.

"9. Estas medidas não são específicas para os professores"
Pois os professores até podiam aceitar a mobilidade, se se cumprisse a regra dos 60 km - ora para os professores essa distância pode ser superior a 300 km...

"10. Em 2005 foi convocada uma greve aos exames, tendo o governo da altura requerido que se decretassem serviços mínimos, em defesa dos alunos e das suas famílias, o que foi legalmente aceite."
É curioso que os Juízes sejam amigos do PS e não gostem do Crato ou do PSD/CDS - talvez não... Pode ser uma questão de filiações partidárias e de aventais .'.

"11. Desta vez, e mais uma vez, a FENPROF convoca uma greve aos exames nacionais, num braço de ferro com o governo, que este não pode aceitar, sob pena de continuar refém de uma das mais poderosas corporações existentes."
Os professores fazem a greve porque querem, não são coitadinhos, carneiros ou meninos de um aparelho partidário para seguirem o chefe. Eu não fiz a greve aos exames em 2005, porque acho que é mau para os alunos haver greves aos exames, mas esta vou fazer porque não me resta outra alternativa, independentemente do que que diz Mário Nogueira e já agora, TODOS os outros Sindicatos de professores, que também participam na greve.

"12. Mário Nogueira, como líder da FENPROF, foi e é o protagonista destas posições, pelo que é nessa qualidade que o critico." Deixe-o lá em paz, ele é/foi eleito democraticamente pelos sócios do Sindicato.

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