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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Estive muito indecisa quanto a fazer ou não greve. Há inúmeros e grandes motivos para aderir à greve, talvez, que me lembre, nunca tenha havido mais nem tão bons como agora. Nem que seja para se afirmar um protesto.
Mas a apropriação deste tipo de manifestações pelos costumeiros profissionais das greves, a banalização do fenómeno, que deveria ser excepcional, e a sensação de dar motivos para que os extremistas e a violência façam caminho e escalem, refreou-me o ímpeto. Não aderi à greve, portanto.
Em frente à televisão - na SIC-N - observo alguns manifestantes em frente ao Parlamento, a casa da Democracia, de cara tapada e máscaras, atirarem pedras e petardos aos Polícias.
Não tenho palavras para exprimir o quanto repudio este tipo de comportamentos. Não vejo os outros manifestantes fazerem qualquer gesto para impedirem ou se demarcarem dos arruaceiros. Parece que acham que estes ataques são compreensíveis, pelo muito que o povo sofre.
Há alguns representantes políticos, particularmente dos partidos a que se convencionou chamar de protesto, que quase têm pena que ainda não tenhamos chegado à beira da paralisação social em que a Grécia se encontra. Ouço muitas vezes lamentos por não sermos tão aguerridos (eufemismo de violentos) como os nossos vizinhos de Espanha. Pois eu não tenho qualquer desejo de semelhanças desse tipo e espero bem que as manifestações e as greves possam decorrer com civismo, porque a liberdade tem que ser de todos e a democracia implica regras de convivência em que nada disto é admissível.
Nota: Convém esclarecer que não confundo a maioria dos pacíficos grevistas e manifestantes com os arruaceiros criminosos que a única coisa que pretendem é provocar o caos. Mas gostaria de ver quem exerce o seu direito demarcar-se, nem que fosse pelo facto de desmobilizar de imediato ajudando os Polícias, deixando os criminosos sozinhos.
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