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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Há 38 anos mudámos. Em revolta e pela revolta de uns quantos, pela alegria e descompressão de todos os outros, pudemos encher as ruas e clamar por liberdade, celebrar a democracia, terminar a desgastante, longa e anacrónica guerra colonial, iniciar o desenvolvimento no contexto de uma sociedade aberta, solidária e europeia.
Nestes 38 anos assistimos à credibilização do trabalho parlamentar, pois tivemos e temos eleições livres, à normalização do debate de ideias, depois das tentativas totalitárias do primeiro ano da revolução, ao revolucionário hábito de podermos exprimir livremente a nossa opinião, ao inalienável direito de sairmos à rua com cartazes ou com as nossa vozes, gritando e cantando o que nos vai na alma.
Saímos da nossa realidade aprisionada entre fronteiras, colhemos e desenvolvemos a nossa identidade além geografia de quase ilhéu. Somos o que somos, fadistas e aventureiros, tímidos e corajosos, ordeiros e tumultuosos, preguiçosos e cumpridores. Sofremos com as nossas dores e pelas nossas mãos, mas também pelas dores desta Europa que se desfaz e pelas mãos dos donos do mundo, que não têm rosto nem endereço postal, físico ou electrónico.
Fizemos muito e temos muito para fazer. Não temos que temer a mudança nem as ideias. Mas as montanhas a mover são infinitas e a felicidade absoluta é utópica. Este é um dia de festa e de ritualização quase sagrada, em que as graças que damos e os votos renovados são os da liberdade, os do empenhamento no viver democrático, na justiça, na paz social, no bem-estar, na solidariedade. Em casa, no Parlamento, nas ruas, por onde quisermos e for preciso, cantar Abril é afirmar a nossa inalterável presença enquanto cidadãos de Portugal.
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