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A ortografia é a questão

por Sofia Loureiro dos Santos, em 04.02.12

 

 

Não concordo com o acordo ortográfico. Não percebo a necessidade, nem os pressupostos, nem o resultado deste acordo. Nesse aspecto comungo da opinião de Vasco da Graça Moura. Mas também suponho que tenha havido sempre ferozes e ilustres opositores aos vários acordos ortográficos que foram sendo absorvidos pela língua portuguesa e pelas várias gerações de portugueses. Este será só mais um.

 

Mas só nesse aspecto. Desde que haja legislação que nos obrigue, desde o início deste ano, a usar o dito acordo, mesmo que nos meus posts o não use, em tudo o que for oficial devo cumprir a lei. Eu e qualquer outra pessoa, nomeadamente Vasco da Graça Moura. Além de um inútil disparate, esta atitude é bem demonstrativa de uma certa cultura instalada – mal sai uma lei a primeira coisa a fazer é encontrar uma ou várias maneiras de a boicotar e não a cumprir. Será que Vasco da Graça Moura mediu bem a sua (e da Administração unânime) decisão? E se alguém resolver cumprir a lei, dentro do CCB? O que lhe vai acontecer? Se Vasco da Graça Moura quiser lutar denodadamente para alterar essa determinação, não me parece a melhor forma de o fazer. Para além disso, será que informou quem o nomeou dessa sua intenção?

 

Não partilho do coro de protestos pelo saneamento político de António Mega Ferreira. Cumpriu até ao fim o seu mandato e foi substituído. Foi uma nomeação política? Pois foi como terá sido a de Mega Ferreira. É da competência do poder político fazer essas nomeações. Mas o que me causa pena é ver que o PS, pela educadíssima e pausada voz do seu líder, em vez de fazer oposição política à concretização de uma ideologia retrógrada, conservadora, de desmantelamento das funções dos estado, mais precisamente as da saúde, educação e segurança social, de alienação de sectores chave para a soberania, de não acautelamento da liberdade e da independência da informação, do autoritarismo fiscal, etc., tenha escolhido esta bravata de Graça Moura para fingir que é oposição.

 

Nota: Aqui fica o esclarecimento. Pelso vistos, só a partir de 2014 o uso do acordo é obrigatório para todos.

 

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publicado às 20:18


5 comentários

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De Anónimo a 04.02.2012 às 22:36

"É lástima ter que dar satisfacções sôbre orthographia: a ninguem mais succede isto senão a nós, (...). Eu cuido que em Portuguez não temos já opção sobre systemas de orthographia: a ethymologia modificada pela pronúncia, é o mesmo que seguem as mais illustradas nações da Europa". Almeida Garrett, Da Educação.
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De pink a 05.02.2012 às 09:44

Mega Ferreira cumpriu mal o seu mandato?
É intelectualmente inferior, opaco, passivo,discricionário ,no exercício das suas funçoes,mau gestor?..

Se não era,como eu penso,devia permanecer!

O gRAÇA M. ,desengraçado,antipático,petulante, jocoso ,é, na minha opinião, o perfil indesejável para uma instituição cultural.

Se não chegasse ,bastava ater-nos ao que o primeiro ministro prometeu!

Concordar é antecipar o que se passará no futuro...

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De ACÁCIO LIMA a 04.02.2012 às 22:44

Estou adoentado e sem disponibilidade para arquitetar uma argumentário defendendo o ajuste cultural ditado pelo evoluir dos avanços técnicos e tecnológicos, e pelos contributos vindos dos países que falam português, e que o Acordo Ortográfico contempla.

Mas não diria algo muito diferente do que Miguel Vale de Almeida, ontem escreveu e que passo a transcrever:



"O português™ dos na©ionalistas "

"Tenho feito algum esforço para perceber as resistências ao acordo ortográfico. Compreendo as de ordem pragmática. Há caso em que certas palavras ficam ambíguas. Todavia, este argumento não serve. Não só porque as mudanças são manifestamente poucas, mas sobretudo porque queixas do mesmo tipo não foram feitas em relação a ambiguidades anteriores (olha, esta mesma palavra, ambiguidade, que bem podia ter um trema no u, como vai deixar de ter no Brasil após o Acordo...). Compreendo em parte as de ordem estética (pouco presentes no debate), já que as identificações afetivas com uma língua também se fazem através do aspeto gráfico. Mas isso são amendoins. Os "argumentos" mais usados têm sido outros. E acho detestável o que revelam. Assentam na ideia proprietária da língua (nós - portugueses - somos os donos da língua) que não tem como não ser vista como "colonialista" e totalmente avessa a noções básicas de história e antropologia. E assentam no fantasma da liderança brasileira da língua em termos geopolíticos - quando esta é simplesmente um facto, resultante da demografia e da economia. São argumentos que radicam em atitudes simultaneamente provincianas e nacionalistas. Ainda se fosse só isso... Revelam também ignorância sobre a relevância - que é pouca, de ordem convencional - da ortografia no que à língua diz respeito. E revelam as contradições dos discursos elogiantes do Brasil como resultado da expansão portuguesa: só tem interesse admirar o Brasil para poder dizer que a língua portuguesa é das mais faladas no mundo; só tem interesse falar bem do Brasil para elogiar a "gesta" portuguesa. De resto, o que eles falam por lá mais não é de que um crioulo de segunda. Os elogios são mais que muitos - desde que o lugar original, genealógico e patriarcal de Portugal seja preservado.

O Acordo não é perfeito. Mas faz duas coisas fundamentais: por um lado limpa uma série de tralhas atrapalhadoras (algumas eu já nem usava, antes do Acordo...); por outro cria uma norma comum que facilita a expansão, afirmação, ensino e publicação da e na língua escrita no mundo. Não mexe na fala, não mexe na semântica, não mexe no contexto, não mexe na pluralidade e na dinâmica de constante transformação.

Publicada por mva em 11:50"

Boa Noite.
Bom Serão.
Cordiais Saudações Democráticas de

ACÁCIO LIMA
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De Sofia Loureiro dos Santos a 04.02.2012 às 23:52

Rápidas melhoras, Acácio.
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De João Eduardo a 11.02.2012 às 19:12


O mundo move-se
... ou lá se se move

------------------------------------------------------


hoje era amanhã
amanhã será ontem

traineiras arrastando esperanças
desorganizando tudo nada resolvido
dessarranjando o passado consumido
onde se vislumbra somente Luis Vaz de Camões


saudades fatidicas da profecia de Fátima
vadia rufia rameira
louvando o hino exaltando o êxtase perdido
remando moda de réblica da bifalhada


desperdiçando tempo
ontem era amanhã
amanhã gritando
Negando sentir coragem no mundo que me pague a saudade que senti!

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