Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Há umas horas fui abordada por um vendedor da revista Cais. Lourinho, bonitinho, oriundo de algum dos países da Europa de Leste, pediu-me um pacote de fraldas para a sua criança de ano e 3 meses. Satisfiz-lhe o pedido.
Mas será que se fosse mulato, negro ou cigano, se fosse gordo e sem dentes, a minha disponibilidade era tão imediata? Gostaria de pensar que sim, estou tentada a ter a certeza de que responderia prontamente da mesma forma, mas não o afirmo assim, sem pestanejar.
O racismo e a xenofobia são-nos mais intrínsecos do que gostaria de admitir. Na verdade somos conduzidos por estereótipos e por imagens feitas, por muito que reciclemos aquilo a que chamamos valores de igualdade, fraternidade, solidariedade. E eu, que sei que todos somos exactamente iguais, filhos do mesmo número de cromossomas, com engenharias celulares semelhantes, que respiramos a mesma mistura de gases, que necessitamos dos mesmos alimentos, será que me despojei dos condicionalismos que, mesmo inconscientemente, subsistem arreigados no mais fundo de nós mesmos?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
À venda na livraria Ler Devagar