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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
(...) Amanhã, gostava de regressar à Avenida da Liberdade. De levar os meus filhos e com eles me sentir próximo de gente - estarão poucos ou nenhum - que ainda se lembra dos verdadeiros valores de Abril. Sobretudo da tal sensação de tudo ser possível, de sermos capazes, do futuro ser nosso. Não me lembro doutra ocasião, em trinta e sete anos, em que fosse tão necessário relembrarmos o que sentimos no dia 25 de Abril de 1974.
(...) Talvez tenha precisado de 37 anos inteirinhos para perceber que é meu dever lá estar, que não chega saber para comigo que foi um dos melhores, maiores dias da minha vida, mesmo se tinha só 10 anos, mesmo se o que vi da revolução ao vivo foram soldados na ponte Marechal Carmona (que ainda se chama assim, já agora), e que o que sou, como o que somos, as escolhas que pudemos e podemos fazer, o que podemos e pudemos sonhar e rejeitar, se fundou aí, se iniciou aí, se ancora aí. Que é altura de engrossar o número dos que celebram e não capitular na entrega disto a seja quem for, e muito menos ao olvido. Coincidência que seja este o ano em que se tornou comum, banal, quase normal ouvir e ler que “antes era melhor” ou que “não valeu a pena”. Coincidência que seja este o ano em que a Assembleia da República não festeja. Coincidência, sem dúvida, mas feliz, digo eu: é agora que é mais preciso, e é agora que faz mais falta. Fazer a marcha do orgulho do 25 de Abril. Embora.
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