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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Multiplicam-se as certezas quanto à necessidade e à inevitabilidade da entrada do FMI ou semelhante em Portugal. A direita está frenética e com pressa. Quanto mais tempo tardar a tão almejada ajuda externa ao país, quanto mais tempo durar a teimosia de Sócrates, menos margem de manobra tem a oposição para justificar a moção de censura ao governo.
Não deixa de ser interessante perceber a nostalgia que ainda há, em certas mentes, de ter alguma coisa ou alguém que se comporte como um pai castigador, o paternalismo arrogante de quem pensa que o povo deste país precisa da imposição de "regras duras". A democracia é para gente adulta que assume as suas responsabilidades. No fundo, a direita portuguesa, inconsciente ou conscientemente, suspira pela transformação do país num satélite de qualquer outra soberania, enquanto acena com a sua nobreza nacionalista. Salta-se do iberismo para o FMI ou o Fundo Europeu, ou seja, a Alemanha. A subserviência de que acusam Sócrates está entranhada na mentalidade da vassalagem.
O PSD, depois das conferências de imprensa em que pede a demonstração de uma execução orçamental rigorosa, com a diminuição da despesa pública, chora hipocritamente pela hipótese de redução do número de professores e inviabiliza a reforma curricular do ensino básico. É verdadeiramente vergonhoso. Para Rui Rio já se tornam necessárias "reformas profundas" do regime político. O que não diz é quais e como se implementam, para além da “reflexão séria” sobre a democracia.
A sensação que paira é que se estão a lançar as bases para manipular os cidadãos de forma a que eles peçam mudanças de regime. Eu não conheço assim tantos regimes diferentes do democrático em que se viva em liberdade e em que pessoas como Rui Rio peçam profundas reformas.
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