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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Teixeira dos Santos é o homem forte do governo. Sócrates não falou, com excepção das declarações feitas quase a medo, em Bruxelas, em que oferecia mais um esforço, para se chegar a acordo no OE 2011.
A unanimidade internacional e o coro de vozes, lembrando o apocalipse se não houvesse aprovação orçamental, raiaram o disparate. Penso que todos percebemos que as decisões políticas e económicas no nosso país não têm nada a ver com as eleições. São o resultado daquilo que a Alemanha e "Os Mercados" querem que seja. A democracia representativa e a soberania nacional não existem, pelos menos nos moldes que ainda estão escritos na Constituição.
Fiquei ainda com a impressão de que a abrupta rotura das negociações, quando o governo levava um acordo pronto a assinar, foi uma tentativa de as fechar ao estilo de Sócrates, para tomar a dianteira na aprovação do OE. O reatar das negociações a pedido de Teixeira dos Santos mais faz desconfiar do incómodo do próprio Teixeira dos Santos e do governo. Especulação pura, o que escrevo, mas credível. Para os cidadãos comuns o chefe do governo é, neste momento, Teixeira dos Santos. Sócrates perdeu iniciativa, protagonismo e ficou com a imagem de ser um problema irresolúvel. Que diferença entre o primeiro-ministro decidido, seguro e voluntarioso do anterior governo.
Também a negação de Eduardo Catroga em aparecer ao lado de Teixeira dos Santos mostra a distância que o PSD quer mostrar da sua própria atitude. Isso vai ser mais difícil e soa a falso. Os 500 milhões de euros que faltam para atingir o défice prometido terão que ser encontrados.
A comunicação de Cavaco Silva de ontem foi tão inusitada como o seu discurso de candidatura. Precisamos muito da renovação geracional das nossas elites políticas.
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