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Da responsabilidade e solidariedade laboral

por Sofia Loureiro dos Santos, em 25.10.09

 

pintura de Grady Zeeman
Unemployment Line

 

Os jornais fazem eco da incapacidade que há em conter o crescimento do desemprego, mesmo com programas de combate como os que o governo tem vindo a desenvolver.

 

Este será o maior problema e o maior desafio que se colocará ao governo, às entidades patronais e aos sindicatos.

 

Na verdade a flexibilização do mercado laboral deverá ser estudada, de forma a incentivar a contratação de desempregados de longa duração ou de 1º emprego, mesmo que não seja para contratos sem termo. A precariedade do emprego é uma realidade e é de combater. Mas não se compreende que haja empregos quase vitalícios, em que os empregadores estão impedidos de substituir trabalhadores, muitas vezes totalmente incompetentes e inadaptados, em que já se investiu, formou, etc., mas que, pura e simplesmente, não estão interessados em mudar, sacrificando imensos potenciais excelentes trabalhadores mais qualificados que não conseguem sequer iniciar-se no mercado de trabalho.

 

Nesta situação todos são responsáveis inclusivamente as estruturas sindicais, que todos os anos clamam pelas justas lutas dos trabalhadores, mas dos trabalhadores entrincheirados em empregos de betão, que apenas estão disponíveis para manter o seu próprio status quo, não se importando nem procurando quaisquer soluções para os que estão desempregados.

 

Com a queda da inflação neste último ano, que ficará muito abaixo dos aumentos salariais que foram praticados em 2009, qual é a credibilidade de sindicatos que começam as negociações com uma percentagem de aumento de 4,5%? E no entanto, diariamente, mostram a sua preocupação pelo aumento da pobreza e das desigualdades entre ricos e pobres. Não seria mais sério tentar aumentar o salário mínimo e as pensões de reforma, tendo contenção no aumento salarial?

 

É que nas circunstâncias em que estamos e caso haja deflação, o aumento do poder de compra será para todos os que tiverem emprego. Mas o aumento do desemprego será uma certeza.

 

Nota: também aqui.

 

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publicado às 11:29


3 comentários

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De António Parente a 25.10.2009 às 20:58

Permita-me discordar do que escreveu. A flexibilização das leis laborais é um dos mitos da economia portuguesa. É uma desculpa para a incapacidade de inovação das nossas empresas e da sociedade em geral. Um dia teremos leis laborais totalmente flexíveis, aboliremos o salário mínimo e toda a protecção social e tentaremos encontrar outras desculpas para o nosso fracasso colectivo.
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De Sofia Loureiro dos Santos a 25.10.2009 às 21:37

António, pode discordar à vontade.
Não sei se é um mito, mas a verdade é que há empregos vitalícios que, seja o que for que os trabalhadores façam ou não façam, nunca estão em causa. Por outro lado, os jovens não têm oportunidade de se estrear caso o único incentivo ao emprego seja para contratos sem termo. Não defendo a desregulação do mercado laboral e defendo o ordenado mínimo, com aumentos substanciais e apoio social para os trabalhadores com contratos a termo. Alguma coisa deve ser feita. E isso deveria ser concertado entre as entidades patronais e os sindicatos, cuja linguagem e reivindicações não evoluíram.
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De Paulo Lobato a 01.11.2009 às 14:58

Cara Sofia Loureiro,

Subscrevo quase em absoluto a opinião que nos transmite. Não estando vincado no texto, e essa a razão do "quase", importa garantir que a flexibilidade do mercado de trabalho não degenera em mais precariedade; muito mais quando em Portugal, alguém que tenha mais que 45 anos começa a deixar de ter "interesse económico" (sobretudo trabalho não intelectual).
Quanto ao mais, é injusto ver "gente que não cumpre" instalada à custa de "gente de qualidade".


cumprimentos.

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