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Transfusões (1)

por Sofia Loureiro dos Santos, em 18.07.09

 

(enviada pelo Artista)

 

A exclusão do grupo de homens homossexuais como potenciais dadores de sangue, que é seguida em vários países, nomeadamente no Canadá, EUA, França e Portugal, tem a ver com o conhecimento estatístico relativamente à prevalência de doenças infecciosas neste grupo populacional relativamente a outros.

 

Isto é muito diferente de dizer que o número de novos casos de infecção por HIV, em 2008, foi superior em doentes toxicodependentes e em homens e mulheres heterossexuais. O que está em causa é a prevalência (a probabilidade - ou risco - de um indivíduo sofrer de uma determinada doença) das doenças infecciosas, não só de HIV mas também de vírus de Hepatites B e C (hepatites virais com probabilidade de desenvolvimento de cirrose e tumores hepáticos, HHV-8 (associado ao desenvolvimento de linfomas e sarcoma de Kaposi) e outros, em homens homossexuais e em toxicodependentendes, em comparação com a prevalência das mesmas infecções noutros grupos estudados (mulheres homossexuais, homens e mulheres heterossexuais, etc.).

 

É ainda importante que se perceba que se dar sangue não é um direito inalienável de qualquer pessoa, receber sangue com a menor probabilidade possível de conter algum destes riscos infecciosos é um direito de todos e um dever dos responsáveis de saúde.

 

Não se trata de discriminação dos comportamentos ou das escolhas de orientação sexual, trata-se de usar os meios aos dispor da comunidade científica para a redução máxima do risco de um acto médico, que tem sempre riscos.

 

As guidelines da Cruz Vermelha Americana estipulam as várias circunstâncias em que as pessoas não devem doar sangue e são inúmeras.

 

Continuam as investigações no sentido de saber se há um limite temporal a partir do qual se pode assegurar que o risco de existirem agentes infecciosos no sangue de homossexuais masculinos é idêntico ao risco de heterossexuais e de homossexuais femininos. O que conheço indicam que:


(…) “The available evidence about estimated residual risk (RR)-that is, the risk remaining after various safeguards for blood are applied-strongly suggests that choosing a 1-year deferral period for MSM would almost certainly give rise to an incremental risk of transfusion-transmitted infection (TTI), over existing levels of risk, for blood recipients.” (…)


(…)The report argues that, under these circumstances, such a policy change would represent an unethical type of risk transfer, from one social group to another, and therefore would be unacceptable. (…)


(…)Under these circumstances, other social policy issues, relevant to the idea of changing the deferral period for MSM, become worthy of additional consideration.

 

Com a dificuldade de angariação de dadores de sangue que existe e a universal evidência de que a melhor política em termos de segurança na saúde pública é recorrer à doação voluntária, seria muito importante que todas as pessoas pudessem dar sangue. No entanto cabe aos organismos de saúde pública a responsabilidade de garantirem, tanto quanto os conhecimentos científicos o permitam, que quem recebe o sangue está salvaguardado de doenças futuras, directamente relacionadas com a transfusão.

 

Isso não é discriminação, é uma responsabilidade que devemos exigir e a que todos temos direito.

 

Nota: ler a Cristina, no Contra Capa.
 

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publicado às 00:29


1 comentário

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De António Parente a 19.07.2009 às 15:02

Muito bem. Estou de acordo consigo.

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