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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
No seguimento da entrevista de José Gil e da manifestação dos professores vi, de raspão, uma intervenção de Maria Filomena Mónica ontem, na RTPN, se não estou em erro.
Mas o que ouvi deixou-me perplexa. Dizia Maria Filomena Mónica que a avaliação tem de ser subjectiva, que tinha pedido a reforma antecipada porque o ministério queria que ela preenchesse uns formulários e que ela se recusava.
Não consigo perceber como é que Maria Filomena Mónica foi avaliada e avaliou ao longo destes anos todos, os conhecimentos, as publicações, os curricula de tantos quantos se cruzaram o seu caminho. Foi pela cor dos olhos, pelo que vestiam, pelo som dos apelidos? Como é que ela própria foi avaliada? Por testes, em que tinha que responder a perguntas iguais às dos seus colegas, que tinham uma grelha de avaliação e que, no fim, somavam um determinado valor? Ou pelos ares de inteligência ou de indigência mental que tinham?
Como se pode ser a favor da meritocracia se não há formas de comparar e avaliar? Como se comparam e avaliam procedimentos, atitudes, conhecimentos, aptidões, sem que se tende uma objectividade exemplar? Como se pode dar possibilidade a quem é avaliado de contestar a própria avaliação, se esta não seja o mais clara e transparente possível?
É claro que há, e deve haver, algum lugar para a subjectividade. Avaliar pressupõe responsabilidade do avaliador e, por muito que se seja objectivo, as pessoas não são computadores. Essa responsabilidade deve ser assumida e quem avalia deverá prestar contas da sua avaliação.
Como é possível alguém que se diz democrata e meritocrata defender uma forma de avaliação que permite um poder discricionário sobre quem está a ser avaliado?
Maria Filomena Mónica defende o indefensável, fala de uma escola que já não existe, se é que alguma vez existiu. E se o diagnóstico é que este é um problema que tem oitocentos anos, de certeza que não estaria à espera que alguém o resolvesse em quatro. Muito menos ela própria, cujas ideias não se percebem se são para este século ou para o XIX, onde ela confessa que vive na maior parte do tempo.
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