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Soluções governativas

por Sofia Loureiro dos Santos, em 07.03.09

 

O pedido de Sócrates para uma nova maioria absoluta é natural e lógica. Da parte dele, do PS e de uma governação estável.

 

As maiorias absolutas têm, na minha opinião, mais desvantagens que vantagens. E a do PS de Sócrates, tal como as do PSD de Cavaco anteriormente, é disso plena demonstração. O governo tende a hegemonizar-se na discussão política, desvalorizando e desprezando os debates parlamentares. No último que vi, Sócrates não respondeu a uma única pergunta da oposição, aproveitando o tempo que lhe cabia para falar contra as oposições e fazer propaganda política.

 

Por outro lado, as maiorias absolutas de um partido apagam os debates no seio dos próprios partidos, eternizando-se a solução única, condenando-os a uma travessia do deserto após a queda do líder. Foi assim no PSD e será assim no PS.

 

No contexto político em que estamos, no entanto, no Portugal de 2009, temos uma esquerda em que o BE já afirmou que nunca viabilizará um governo do PS, nunca se coligará nem apoiará o PS, porque o seu objectivo não é governar mas ser oposição, sempre. Por outro lado há o PCP que tem uma visão da sociedade que não evoluiu desde 1974, começando no discurso de Jerónimo de Sousa e acabando no sindicalismo que lhe está afecto.

 

Se o PS não tiver maioria absoluta resta-lhe formar um governo minoritário, com o tempo de vida que se lhe adivinha, ressuscitar o bloco central, que é no que parece apostar o PSD, ou depender de Paulo Portas.

 

Portanto António Costa tem toda a razão: quem quer votar à esquerda só pode votar PS ou então arrisca-se a fazer o jogo da direita. O BE colocou-se na posição de abrir a porta a governos de ou com a direita, mesmo que a votação na esquerda seja largamente maioritária.

 

Estes são os paradoxos a que pode conduzir o populismo. Mas não será nenhuma tragédia, nem nenhum colapso governativo. Será apenas uma solução pior que a da maioria absoluta do PS.
 

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publicado às 18:14


7 comentários

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De Sofia Loureiro dos Santos a 08.03.2009 às 12:08

Luís Filipe, agradeço o seu comentário.

Não há este ou aquele PS. Há o PS, o BE , o PCP, o PSD e o PP. Para que houvesse diferença na actuação de um governo liderado pelo PS (não me parece que seja possível ao PSD ou ao BE terem votações superiores) seria imprescindível que o BE se dispusesse a fazer alianças parlamentares. Mas o BE já recusou (deixo de fora o PCP pela concepção de sociedade que tem e pelo facto de pensar que está fora do tempo e da realidade).

Para quem não se revê na política do PS tem opções de votação à esquerda e à direita. O problema é que para haver governos minimamente estáveis são necessárias maiorias parlamentares, nem que sejam pontuais. E aquilo que temo é que, na tentativa de aumentar o peso dos partidos à esquerda do PS, acabem por se forçar soluções à sua direita.

É claro que é sempre possível que o que se diz hoje amanhã se modifique.

Não há becos sem saída, há as escolhas possíveis para cada um em cada momento.

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