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Boomerang

por Sofia Loureiro dos Santos, em 28.02.09

 

A forma que certas pessoas têm de desvalorizar os partidos e os congressos partidários na luta política não é mais do que desvalorizar a democracia representativa.

 

Tal como Salazar, casado com a Pátria e pondo o seu destino acima de qualquer coisa, tal como Cavaco Silva que fala dos interesses nacionais tratando os partidos como excrescências inúteis e perigosas, Manuela Ferreira Leite brandiu a arma da ausência de Sócrates numa reunião informal da EU, onde se fará representar por um Ministro de Estado, acusando-o de preferir ir a uma festa partidária.

 

Claro que o facto de haver 3 eleições em Portugal este ano, de o PS ser o maior partido português e de os congressos partidários servirem para eleger o líder e as moções políticas que serão, mais tarde, propostas ao eleitorado, não tem importância nenhuma.

 

Se há debate político ou não no dito congresso é da responsabilidade dos militantes do próprio partido e principalmente de quem se tem mostrado crítico às orientações de José Sócrates. A esses se devem pedir a apresentação de alternativas, que critiquem, no local de eleição, tudo o que consideram errado na política seguida até agora. Por exemplo, onde está Manuel Alegre e as suas críticas às políticas de direita deste governo e deste PS?

 

A unanimidade dos seguidores do líder, o não se questionarem orientações e soluções diferentes é muito empobrecedor para o país, ainda por cima numa época em que todos os contributos são indispensáveis, aí sim por um imperativo nacional. Mas para uns, o aplauso constante e acrítico poderá assegurar-lhes um lugar nas listas, um pelouro nas autarquias, seja ele real ou fictício. Para outros é muito mais fácil falar e ter atitudes de insubmissão partidária do que assumir as diferenças e confrontá-las com as teses da situação.

 

Também são interessantes as vozes que, triunfantemente, manifestam o seu regozijo pelo tratamento político que Sócrates deu ao caso Freeport, na abertura do congresso, dizendo que foi ele e só ele que transformou esse caso num assunto político. É uma enorme falácia e uma enorme hipocrisia. Este caso de justiça foi transformado em caso político por todos os políticos e por todos os comentadores. Ou já se esqueceram que todos acentuaram e dramatizaram o epíteto de assunto de estado que lhe deu o Presidente da República?

 

Sócrates está a transformá-lo em arma de arremesso, pela vitimização constante. Eu não gosto, acho mesmo detestável, até porque a demagogia que lhe está subjacente é óbvia. Mas Sócrates está apenas a aproveitar o que a oposição começou.

 

Nota: o Tomás Vasques faz uma leitura semelhante.
 

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publicado às 14:26


3 comentários

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De Francisco Castelo Branco a 28.02.2009 às 18:28

Concordo inteiramente com Ferreira Leite.

Este congresso só serve para auto elogiar Socrates. E fazer dele o Supra sumo da politica nacional.

A reuniao na comissao europeia é muito mais importante
A Europa e o Mundo vivem tempos complicados e dificeis. Que é preciso a uniao de todos
Socrates meteu o seu umbigo á frente dos interesses do pais.

É pena que assim seja
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De jojoratazana a 28.02.2009 às 19:24

A grande falha neste congresso do PS é esta
http://jojoratazana.blogs.sapo.pt/31517.html enquanto não resolverem este assunto o PS não existe.
jojoratazana
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De Sofia Loureiro dos Santos a 01.03.2009 às 14:16

Não posso concordar. As medidas que este governo tem tomado, em termos de apoios sociais, de defesa da sustentabilidade do SNS, de defesa da escola pública, de apoios do estado às empresas e aos desempregados, não são medidas de direita. Infelizmente pouco se discutiu do que verdadeiramente importa em termos políticos e ideológicos.

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