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Cada um cumpre o destino que lhe cumpre. / E deseja o destino que deseja; / Nem cumpre o que deseja, / Nem deseja o que cumpre. [Ricardo Reis]
Há algumas coisas que insisto em fazer no primeiro dia de cada ano, perfeitamente inúteis, mas que me dão uma sensação de começo, de renovação, que apenas se explica pelo bálsamo que os rituais são para a força anímica.
Todos os anos transformo o café da manhã numa peregrinação e numa exploração científica, pois todos os cafés e centros comerciais estão fechados. Ao volante do carro, nas manhãs desertas das 10 horas de todos os primeiros de Janeiro, sinto-me num país que espera.
Todos os anos inauguro uma agenda nova, vermelha, em que reescrevo as moradas e os telefones da agenda anterior. Aproveito para eliminar alguns nomes que, por negligência ou esquecimento, deixaram de fazer parte da minha vida.
Todos os anos assisto ao Concerto de Ano Novo em Viena, pela Orquestra Filarmónica de Viena, enrolada no sofá, meio adormecida. São quase sempre as mesmas músicas, os mesmos bailados, a mesma assistência de vestidos e fatos de gala, as mesmas flores, mas é reconfortante. Este ano vai, talvez, iniciar-se uma nova tradição, juntamente com o almoço/jantar de ossobuco, com o Concerto de Ano Novo no CCB.
O dia está frio, rodeado de bruma quase opaca, que dá vontade de soprar com muita força, para ver se desanuvia. Eu gosto assim.
(pintura de Lea Kelley: industrial impact)
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